O Cortiço

Aluísio Azevedo

questões

         Dona Estela era uma mulherzinha levada da breca: achava-se casada havia treze anos e durante esse tempo dera ao marido toda sorte de desgostos. Ainda antes de terminar o segundo ano de matrimônio, o Miranda pilhou-a em flagrante delito de adultério; ficou furioso e o seu primeiro impulso foi de mandá-la para o diabo junto com o cúmplice; mas a sua casa comercial garantia-se com o dote que ela trouxera, uns oitenta contos em prédios e ações da divida publica, de que se utilizava o desgraçado tanto quanto lhe permitia o regime dotal. Além de que, um rompimento brusco seria obra para escândalo, e, segundo a sua opinião, qualquer escândalo doméstico ficava muito mal a um negociante de certa ordem.

(Trecho da obra “O Cortiço”)

         E foi uma dessas tardes, em que o meu Príncipe assim procurava desesperadamente um “bocado de frescura e paz”, que encontramos, ao meio da escadaria suave, entre as palmeiras, o marido de Madame de Oriol. Eu já o conhecia – porque Jacinto mo mostrara uma noite, no Grand Café, ceando com dançarinas do Moulin Rouge. Era um moço gordalhufo, indolente, de uma brancura crua de toucinho, com uma calvície já séria e já lustrosa, constantemente acariciada pelos seus gordos dedos carregados de anéis. Nessa tarde, porém, vinha vermelho, todo emocionado, calçando as luvas com cólera. Estacou diante de Jacinto – e sem mesmo lhe apertar a mão, atirando um gesto para o patamar:
         – Visita lá acima? Vai achar a Joana em péssima disposição... Tivemos uma cena, e tremenda.
         Deu outro puxão desesperado à luva cor de palha, já esgaçada:
         – Estamos separados, cada um vive como lhe apetece, é excelente! Mas em tudo há medida e forma... Ela tem o meu nome, não posso consentir que em Paris, com conhecimento de todo o Paris, seja a amante do trintanário. Amantes da nossa roda, vá! Um lacaio, não!... Se quer dormir com os criados que emigre para o fundo da província, para a sua casa de Corbelle. E lá até com os animais!... Foi o que lhe disse! Ficou como uma fera.
         Sacudiu então a mão de Jacinto que “era da sua roda” – rebolou pela escadaria florida e nobre. O meu Príncipe, imóvel nos degraus, de face pendida, cofiava lentamente os fios pendidos do bigode.

TRINTANÁRIO – lacaio que nas carruagens se assentava ao lado do cocheiro, e que tinha a obrigação de abrir e fechar a portinhola, levar recados etc.
(Trecho da obra “A cidade e as serras”)

1. Observando as reações do marido da Madame de Oriol e o do Miranda, em qual dos dois casos a avaliação social é tão predominante que consegue conter os ímpetos pessoais? Explique sua resposta.
 
2. Considerando o comportamento das personagens Madame de Oriol e Dona Estela, como se mostra a ausência de um código moral?
 
3. Madame de Oriol se entregava sexualmente a trintanários e Dona Estela a caixeiros (vendedores da loja do Miranda). O Sr. de Oriol e o Miranda demonstravam pequena preocupação com o adultério e grande com a condição social dos amantes. O caráter dessas preocupações do Miranda e do Sr. de Oriol tem fundamentação racional ou sentimental? São próprias de obras literárias românticas ou realistas? Personagens movidos por sentimentos conseguem demonstrar pequena preocupação com o adultério? Relacione os caracteres dos personagens Miranda e Sr. de Oriol ao perfil das obras “A cidade e as serras” e “O Cortiço”.

         João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar‑se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.
         Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou‑se à labutação ainda com mais ardor, possuindo‑se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava‑lha, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade.
         Bertoleza também trabalhava forte; a sua quitanda era a mais bem afreguesada do bairro. De manhã vendia angu, e à noite peixe frito e iscas de fígado; pagava de jornal a seu dono vinte mil‑réis por mês, e, apesar disso, tinha de parte quase que o necessário para a alforria. Um dia, porém, o seu homem, depois de correr meia légua, puxando uma carga superior às suas forças, caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta.
         João Romão mostrou grande interesse por esta desgraça, fez‑se até participante direto dos sofrimentos da vizinha, e com tamanho empenho a lamentou, que a boa mulher o escolheu para confidente das suas desventuras. Abriu‑se com ele, contou‑lhe a sua vida de amofinações e dificuldades. “Seu senhor comia‑lhe a pele do corpo! Não era brinquedo para uma pobre mulher ter de escarrar pr’ali, todos os meses, vinte mil‑réis em dinheiro!” E segredou‑lhe então o que tinha juntado para a sua liberdade e acabou pedindo ao vendeiro que lhe guardasse as economias, porque já de certa vez fora roubada por gatunos que lhe entraram na quitanda pelos fundos.
         Daí em diante, João Romão tornou‑se o caixa, o procurador e o conselheiro da crioula. No fim de pouco tempo era ele quem tomava conta de tudo que ela produzia e era também quem punha e dispunha dos seus pecúlios, e quem se encarregava de remeter ao senhor os vinte mil‑réis mensais. Abriu‑lhe logo uma conta corrente, e a quitandeira, quando precisava de dinheiro para qualquer coisa, dava um pulo até à venda e recebia‑o das mãos do vendeiro, de “Seu João”, como ela dizia. Seu João debitava metodicamente essas pequenas quantias num caderninho, em cuja capa de papel pardo lia‑se, mal escrito e em letras cortadas de jornal: “Ativo e passivo de Bertoleza”.
         E por tal forma foi o taverneiro ganhando confiança no espírito da mulher, que esta afinal nada mais resolvia só por si, e aceitava dele, cegamente, todo e qualquer arbítrio. Por último, se alguém precisava tratar com ela qualquer negócio, nem mais se dava ao trabalho de procurá‑la, ia logo direito a João Romão.
         Quando deram fé estavam amigados.

(Trecho inicial da obra O Cortiço, de Aluísio Azevedo)

4. A palavra “terra”, no primeiro parágrafo, é
a) sinônimo de “praia”, pois o patrão estivera no mar do Rio de Janeiro.
b) um reducionismo de “terra natal”.
c) metáfora de “realidade”, porque o patrão estivera sonhando nos últimos doze anos.
d) apelido do Brasil em Portugal.
e) uma referência às fazendas compradas pelo patrão em Portugal.
 
5. O “a”, componente do complemento verbal “lha”, no segundo parágrafo, deve ser classificado sintaticamente como
a) objeto direto preposicionado
b) objeto indireto
c) objeto direto simples
d) objeto direto pleonástico
e) sujeito
 
6. Assinale a alternativa incorreta considerando sintaticamente a oração “pagava de jornal a seu dono vinte mil-réis por mês” – terceiro parágrafo.
 
OBSERVAÇÃO: “de jornal” refere-se a uma jornada de trabalho, dia de trabalho; quantia que um escravo pagava a seu dono para ser livre; o dono permite que seu escravo trabalhe noutro lugar, em compensação o escravo paga para o seu dono parte do que recebe pelo seu trabalho.
 
a) “pagava” é verbo transitivo direto e indireto.
b) “de jornal” é adjunto adverbial de finalidade.
c) “a seu dono” é complemento verbal indireto.
d) “vinte mil-réis” é complemento nominal direto.
e) “por mês” é adjunto adverbial de modo.
 
7. No terceiro parágrafo, o sintagma “de parte”, da oração “tinha de parte quase que o necessário para a alforria” deve ser identificado sintaticamente como
a) objeto indireto
b) predicativo do sujeito
c) predicativo do objeto direto
d) objeto direto
e) objeto direto preposicionado
 
8. O termo “estrompado”, que aparece no fim do terceiro parágrafo, é sinônimo de
a) desorientado
b) tranquilo
c) teimoso
d) fatigado
e) desconjuntado
 
9. Assinale a alternativa incorreta considerando sintaticamente a oração “a boa mulher o escolheu para confidente das suas desventuras” – quarto parágrafo.
a) “a boa mulher” é sujeito
b) “o” é objeto direto
c) “escolheu” é verbo transitivo direto
d) “para confidente” é adjunto adverbial de finalidade
e) “das suas desventuras” é adjunto adnominal
 
10. O termo “pecúlios”, que aparece no quinto parágrafo, é sinônimo de
a) negócios
b) pagamentos
c) recebimentos
d) seguros
e) economias
 
11. Assinale a alternativa incorreta considerando o excerto acima de “O Cortiço”.
a) João Romão e o vendeiro para quem trabalhou eram patrícios, ou seja, naturais da mesma pátria.
b) Bertoleza era escrava, mas tinha permissão para trabalhar autonomamente.
c) Quando conheceu João Romão, Bertoleza era amigada de um português freteiro.
d) Bertoleza tinha exatamente trinta anos quando conheceu João Romão.
e) João Romão sofria de uma ambição desmedida.

         Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
         Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo‑se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.
         A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha‑lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.
         Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam‑se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava‑se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam‑se de janela para janela as primeiras palavras, os bons‑dias; reatavam‑se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam‑se risos, sons de vozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam‑se ruidosamente, espanejando‑se à luz nova do dia.
         Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava‑se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via‑se‑lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam‑se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.
         O rumor crescia, condensando‑se; o zunzum de todos os dias acentuava‑se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam‑se discussões e resingas; ouviam‑se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava‑se. Sentia‑se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

(Trecho inicial do terceiro capítulo da obra O Cortiço)

12. Assinale a alternativa que não corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:
a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.
 
13. Identifique a figura de linguagem predominante no primeiro parágrafo do texto dado.
a) comparação
b) personificação
c) anástrofe
d) hipérbato
e) sínquise
 
14. O emprego do verbo “acordar”, no início do segundo parágrafo, caracteriza uma formação de palavra por
a) prefixação
b) derivação regressiva
c) sufixação
d) derivação imprópria
e) derivação parassintética
 
15. O trecho “dormiu de uma assentada sete horas de chumbo” – segundo parágrafo – significa que o cortiço dormiu
a) inconscientemente durante sete horas como se tivesse sofrido uma pancada de chumbo.
b) profunda e ininterruptamente durante sete horas.
c) às sete horas da noite, todos os moradores.
d) um sono pesado a partir das sete horas da noite.
e) silenciosamente por mais sete horas.
 
16. O sintagma “da última guitarra” (segundo parágrafo) deve ser tomado sintaticamente por
a) predicativo do sujeito
b) adjunto adnominal
c) predicativo do complemento verbal
d) complemento nominal
e) agente da voz passiva
 
17. O termo “feita”, no terceiro parágrafo, é sintaticamente um
a) predicativo do sujeito
b) adjunto adnominal
c) complemento nominal
d) predicativo do complemento verbal
e) agente da voz passiva
 
18. O sintagma “de espumas secas” (terceiro parágrafo) deve ser denominado sintaticamente
a) predicativo do sujeito
b) adjunto adnominal
c) predicativo do complemento verbal
d) complemento nominal
e) agente da voz passiva
 
19. A preposição “de”, do sintagma “de sono” – quarto parágrafo, cumpre função de
a) causa
b) consequência
c) finalidade
d) proporção
e) concessão
 
20. A respeito do quarto parágrafo, assinale a alternativa incorreta.
a) Os sons das vozes humanas concorriam com grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas.
b) As pessoas saíam para o pátio, em busca de torneiras e sanitários, e deixavam suas portas e janelas abertas.
c) Pela manhã, o cheiro do café superava todos os outros cheiros.
d) Os papagaios se espreguiçavam enquanto se manifestavam estridentemente dentro de suas gaiolas.
e) As crianças acordavam junto com os adultos e já iniciavam suas desordens.
 
21. No primeiro período do quinto parágrafo evidencia-se uma das características típicas da escola naturalista. Qual?
a) determinismo
b) cientificismo
c) patologismo
d) zoomorfismo
e) factualismo
 
22. A respeito do quinto parágrafo, assinale a alternativa incorreta.
a) No cortiço, os sanitários eram comunitários, mas as crianças não entravam nas filas das privadas.
b) A palavra “casco” está empregada como sinônimo de cabeça.
c) O pátio do cortiço enlameava-se com as águas que saíam das torneiras onde os moradores lavavam os rostos pela manhã.
d) No trecho “as crianças (...) despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas” nota-se uma irracionalidade suficiente para caracterizar o zoomorfismo naturalista.
e) Nas torneiras do pátio havia um complemento de plástico ou de borracha para direcionar a saída de água.
 
23. No trecho “os homens (...) metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão” há uma figura de linguagem querendo reproduzir os elementos sonoros da cena. Qual?
a) catacrese
b) sinédoque
c) anacoluto
d) aliteração
e) antítese
 
24. "A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos..." (Aluísio Azevedo).
Qual das palavras abaixo, extraída do excerto acima, é característica da escola naturalista?
a) primeira.
b) alcunha.
c) berradora.
d) cabeludos.
e) grossos.

         E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, e esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, a multiplicar-se como larvas no esterco.

(Trecho final do primeiro capítulo da obra O Cortiço)

25. (FUVEST-SP) O fragmento de O cortiço, romance de Aluísio Azevedo, apresenta uma característica fundamental do Naturalismo. Qual?
a) Uma compreensão psicológica do Homem.
b) Uma compreensão biológica do Mundo.
c) Uma concepção idealista do Universo.
e) Uma concepção religiosa da Vida.
e) Uma visão sentimental da Natureza.
 
26. (FGV-SP) No romance “O cortiço”, Aluísio Azevedo estabelece uma forte ligação entre o meio em que vivem as personagens e sua vida material, moral e psicológica. Tal relação apoia-se nos princípios:
a) do livre-arbítrio religioso.
b) do determinismo científico.
c) do sentimentalismo romântico.
d) do culto à natureza.
e) do ideário modernista.
 
27. (PUC-RJ) Estão relacionados, na primeira coluna, nomes de personagens de “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e na segunda enunciados que podem caracterizá-las. Numere de forma a indicar a que personagem o narrador atribui qual característica:
 
1. amante de João Romão
2. lutador de capoeira
3. cavouqueiro português
4. a flor do cortiço
5. proprietário do Cortiço
6. amante de Jerônimo
7. comerciante e comendador
 
(   ) Rita Baiana
(   ) Firmo
(   ) Jerônimo
(   ) Pombinha
(   ) João Romão
(   ) Bertoleza
(   ) Miranda
 
a) 1, 2, 5, 6, 3, 4, 7
b) 4, 3, 2, 1, 7, 6, 5
c) 6, 3, 5, 4, 7, 1, 2
d) 4, 2, 7, 1, 5, 6, 3
e) 6, 2, 3, 4, 5, 1, 7
 
28. (FMTM) "Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular, de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal...".
Nesse retrato de João Romão, personagem de O Cortiço, Aluísio Azevedo mostra-se fiel à estética naturalista porque:
a) insiste em destacar as causas hereditárias e ou doentias do comportamento;
b) usa frequentemente hipérboles e paradoxos na descrição do comportamento;
c) abusa do contraste entre os sentimentos atribuídos à figura central e a simplicidade da pessoa física.
d) idealiza os motivos do comportamento e embeleza os traços físicos mencionados na descrição.
e) prefere a narração de episódios, desligados de qualquer ordenação cronológica.
 
29. (UFRGS-RS) No romance “O cortiço”, de Aluísio Azevedo, a sintonia com os ideais naturalistas é acentuada pela seguinte característica básica da história.
a) A personagem sobrepõe-se ao ambiente.
b) O psicológico sobrepõe-se ao social.
c) O coletivo sobrepõe-se ao individual.
d) O trabalho sobrepõe-se ao capital.
e) A força sobrepõe-se à razão.

         Ela saltou em meio da roda, com braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça (...) numa sofreguidão (...) carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante: já correndo de barriga empinada, já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé e nunca se encontra o fundo.

30. Quem é a personagem protagonista do trecho acima de “O Cortiço”, Aluísio Azevedo?
a) Pombinha.
b) Piedade
c) Leandra.
d) Rita Baiana.
e) Zulmira

         Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e, seguido por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. Aí, de queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e traiçoeiro.
         E viu a _______________, que fora trocar o vestido por uma saia. Surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a com sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.”

31. A descrição do texto acima salienta os traços da personagem:
a) Bertoleza
b) Pombinha
c) Léonie
d) Rita Baiana
e) Piedade

         [...] uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas, apregoava em tom arrastado e melancólico: 'Fígado, rins e coração'. Era uma vendedeira de fatos de boi. [...] os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos, movimentos irascíveis, mordiam o ar, querendo morder os mosquitos.

32. (PUC-RS) Nesse trecho naturalista, Aluísio Azevedo enfatiza a:
a) patologia social.
b) brutalidade do cotidiano.
c) preocupação ética.
d) força da hereditariedade.
e) ação do meio social.
 
33. Assinale as alternativas que completam erradamente a seguinte proposição:
Do romance “O Cortiço” pode-se dizer que:
a) é um romance urbano.
b) o autor admite a influência do meio no comportamento do indivíduo.
c) alcança a época da escravidão.
d) O protagonista não se contenta com a ascensão econômica, quer a social também.
e) João Romão é o estereótipo do capitalista selvagem.
f) Romão é tudo, menos ingrato.
g) João Romão enriquece, a qualquer custo, explorando a massa animalizada do cortiço.
h) Bertoleza, amante de Romão, é iludida por ele, que lhe vende uma falsa carta de alforria.
i) Jerônimo não se deixa influenciar pelo ambiente do cortiço.
j) Romão é quem denuncia Bertoleza como escrava fugida.
 
34. (ITA) Leia as proposições acerca de “O Cortiço”.
I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.
IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de “O Cortiço”, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.
Está(ão) correta(s)
a) todas.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.

          “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.

          “O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

35. (UFV-MG) Leia os textos acima, retirados de “O Cortiço”, e assinale a alternativa que não corresponde a uma possível leitura dos fragmentos citados:
a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.

36. (ESPM) Dos segmentos abaixo, extraídos de “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, marque o que não traduza exemplo de zoomorfismo:
a) Zulmira tinha então doze para treze anos e era o tipo acabado de fluminense; pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e dos lábios, faces levemente pintalgadas de sardas.
b) Leandra ... a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo.
c) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
d) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa começou a minhocar, ... e multiplicar-se como larvas no esterco.
e) Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito...

37. (UNILAVRAS) Com relação à obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo:
I - É uma obra que pertence ao Naturalismo brasileiro.
II - Como uma obra Naturalista, faz uma abordagem patológica do homem.
III - Por ser escrita no século XIX é uma obra romântica.
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas a afirmativa II está correta.
c) Apenas a afirmativa III está correta.
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

Para responder às questões de números 38 a 40, leia o trecho de “O cortiço”, de Aluísio Azevedo.

         Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou de roupa e deitou-se na cama de Rita. – Vem pra cá... disse, um pouco rouco.
         – Espera! espera! O café está quase pronto!
         E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores (...)
         Depois, atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se contra o seu amado, num frenesi de desejo doido.
         Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na sua pele a carne quente daquela brasileira; ao sentir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir esmagarem-se no seu largo e peludo colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e borbulhando como um metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros do corpo, escandescente, em brasa, queimando-lhe as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, fibra por fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de anjos violentados por diabos, entre a vermelhidão cruenta das labaredas do inferno.

38. (UNIFESP) Pode-se afirmar que o enlace amoroso entre Jerônimo e Rita, próprio à visão naturalista, consiste
a) na condenação do sexo e consequente reafirmação dos preceitos morais.
b) na apresentação dos instintos contidos, sem exploração da plena sexualidade.
c) na apresentação do amor idealizado e revestido de certo erotismo.
d) na descrição do ser humano sob a ótica do erótico e animalesco.
e) na concepção de sexo como prática humana nobre e sublime.

39. (UNIFESP) O enlace amoroso, seja na perspectiva de Rita, seja na de Jerônimo,
a) é sublimado, o que lhe confere caráter grotesco na obra.
b) é desejado com intensidade e lhes aguça os ânimos.
c) reproduz certo incômodo pelo tom de ritual que impõe.
d) representa-lhes o pecado e a degradação como pessoa.
e) é de sensualidade suave, pela não explicitação do ato.

40. (UNIFESP) A atração inicial entre Rita e Jerônimo não acontece na cena descrita. Segundo o texto, pode-se inferir que ela se relaciona com
a) uma dose de parati.
b) a cama de Rita.
c) uma xícara de café.
d) o perfume de Rita.
e) o olhar de Rita.

41. (UFAM) Assinale a alternativa incorreta feita a propósito do romance “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo:
a) É também uma história de corrupção, centrada na animalização humana estimulada pelo sexo e pelo dinheiro.
b) O verdadeiro protagonista desse romance é uma comunidade popular explorada em proveito da burguesia ascendente da época.
c) Observam-se sátiras a alguns tipos predominantes na época: o comerciante rico e grosseiro, a velha beata e raivosa, o cônego relaxado e comilão.
d) O enredo não gira em função de pessoas, havendo muitas descrições precisas onde cenas coletivas e tipos psicologicamente primários fazem o conjunto.
e) Existe uma divisão clara entre a vida dos que venceram, como João Romão, senhor da pedreira e do cortiço, e a labuta dos humildes que se exaurem na luta pela sobrevivência.

42. (UFAM) Das frases abaixo, apenas uma, por não conter características do Naturalismo, não expressar com acerto uma parte do enredo ou não conter o nome de um dos personagens de “O Cortiço”, NÃO pertence a esse romance. Assinale-a:
a) “A mulata era o prazer, era a volúpia, era o fruto dourado (...) onde a alma de Jerônimo aprendeu lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos bodes”.
b) “A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo”.
c) “As corridas até à venda reproduziam-se, transformando-se num verminar constante de formigueiro assanhado”.
d) “Um bruxuleio barato no fundo da biboca dos retirantes, que, perdida na amplidão do latifúndio, ficava menor, semelhando um ninho caído, modificava-lhes a impressão da vida”.
e) “De repente, veio enorme borboleta de fogo adejar luxuriosamente em torno da imensa rosa, em cujo regaço a virgem permanecia com os peitos franqueados

         Com a pobre velha Marciana, que não tratara de despejar o número 12, conforme a intimação da véspera, a sua fúria tocou ao delírio. A infeliz, desde que Florinda lhe fugira, levava a choramingar e maldizer‑se, monologando com persistência maníaca. Não pregou olho durante toda a noite; saíra e entrara na estalagem mais de vinte vezes, irrequieta, ululando, como uma cadela a quem roubaram o cachorrinho.
         Estava apatetada; não respondia às perguntas que lhe dirigiam. João Romão falou‑lhe; ela nem sequer se voltou para ouvir. E o vendeiro, cada vez mais excitado, foi buscar dois homens e ordenou que esvaziassem o numero 12.
         – Os tarecos fora! e já! Aqui mando eu! Aqui sou eu o monarca!
         E tinha gestos inflexíveis de déspota.
         Principiou o despejo.
         – Não! aqui dentro não! Tudo lá fora! na rua! gritou ele, quando os carregadores quiseram depor no pátio os trens de Marciana. Lá fora do portão! Lá fora do portão!
         E a mísera, sem opor uma palavra, assistia ao despejo acocorada na rua, com os joelhos juntos, as mãos cruzadas sobre as canelas, resmungando. Transeuntes paravam a olhá‑la. Formava‑se já um grupo de curiosos. Mas ninguém entendia o que ela rosnava; era um rabujar confuso, interminável, acompanhado de um único gesto de cabeça, triste e automático. Ali perto, o colchão velho, já roto e destripado, os móveis desconjuntados e sem verniz, as trouxas de molambos úteis, as louças ordinárias e sujas do uso, tinham, tudo amontoado e sem ordem, um ar indecoroso de interior de quarto de dormir, devassado em flagrante intimidade. E veio o homem dos cinco instrumentos, que, aos domingos, aparecia sempre; e fez‑se o entra e sai dos mercadores; e lavadeiras ganharam a rua em trajos de passeio, e os tabuleiros de roupa engomada, que saiam, cruzaram‑se com os sacos de roupa suja, que entravam; e Marciana não se movia do seu lugar, monologando. João Romão percorreu o número 12, escancarando as portas, a dar arres e empurrando para fora, com o pé, algum trapo ou algum frasco vazio que lá ficara abandonado; e a enxotada, indiferente a tudo, continuava a sussurrar funebremente. Já não chorava, mas os olhos tinha‑os ainda relentados na sua muda fixidez. Algumas mulheres da estalagem iam ter com ela de vez em quando, agora de novo compungidas, e faziam‑lhe oferecimentos, Marciana não respondia. Quiseram obrigá‑la a comer; não houve meio. A desgraçada não prestava atenção a coisa alguma, parecia não dar pela presença de ninguém. Chamaram‑na pelo nome repetidas vezes; ela persistia no seu ininteligível monólogo, sem tirar a vista de um ponto.

(Trecho do décimo capítulo de “O Cortiço”

43. Em “como uma cadela a quem roubaram o cachorrinho” – fim do primeiro parágrafo – não temos
a) comparação
b) metáfora
c) objeto indireto “a quem”
d) pronome relativo “quem”
e) zoomorfismo

44. A palavra “déspota” – quarto parágrafo – pode ser substituída adequadamente por
a) governador
b) louco
c) patriarca
d) proprietário
e) tirano

45. No fim do sétimo parágrafo, na oração “chamaram-na pelo nome repetidas vezes”, o componente “na” do verbo “chamaram-na” é
a) aglutinação da preposição “em” com o pronome oblíquo “a”.
b) associação da consoante “n” ao pronome oblíquo “a” provocada pela nasalidade da última sílaba do verbo.
c) parte integrante do verbo chamar.
d) pronome pessoal do caso reto de terceira pessoa do singular.
e) sujeito do verbo chamar.

46. Florinda fugira de sua mãe, Marciana, porque
a) fora surrada a pauladas várias vezes e seria outras se não fugisse.
b) jamais abortaria sua gravidez.
c) João Romão a perseguia insistentemente.
d) queria se prostituir com Léonie.
e) sua mãe não queria o seu casamento com Domingos.

   “E agora, coitado, já velho, comido de desilusões, cheio de hemorroidas, via-se totalmente sem recursos e vegetava à sombra do Miranda”.

(Trecho do segundo capítulo de “O Cortiço”)

47. No período “Já não chorava, mas os olhos tinha‑os ainda relentados na sua muda fixidez” – último parágrafo – o pronome “os” (anexado ao verbo “tinha”) deve ser classificado como
a) objeto direto pleonástico
b) objeto direto preposicionado
c) objeto direto simples
d) objeto indireto
e) sujeito

48. Na descrição acima, do personagem Botelho, só não podemos verificar
a) hipálage
b) hipérbole
c) metáfora
d) personificação
e) sinestesia

   Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, todos os seus atos, todos, fosse o mais simples, visavam um interesse pecuniário. Só tinha uma preocupação: aumentar os bens. Das suas hortas recolhia para si e para companheira os piores legumes, aqueles que, por maus, ninguém compraria; as suas galinhas produziam muito e ele não comia um ovo, do que no entanto gostava imenso; vendia-os todos e contentava-se com os restos de comida dos trabalhadores. Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular; de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, de tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça, apoderando-se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não podia apoderar-se logo com as unhas.

(Trecho do primeiro capítulo de O Cortiço)

49. A respeito do excerto acima, aponte a alternativa incorreta.
a) A frase "era uma moléstia nervosa" demonstra o cientificismo característico das obras naturalistas.
b) Ele não comia "os restos de comida" que ficavam nos pratos dos trabalhadores; comia do que sobrava nas panelas da comida feita para os trabalhadores, seus fregueses.
c) O emprego do advérbio "sempre", duas vezes, elimina a constância para confirmar a eventualidade das características, aproximando o comportamento do personagem ao determinismo.
d) O personagem descrito no excerto acima é João Romão, imigrante português, proprietário do cortiço.
e) O trecho "apoderar-se logo com as unhas" exemplifica o zoomorfismo naturalista quando compara o personagem a um predador, a uma ave de rapina.
 
50. O termo "pecuniário", no fim do primeiro período, pode ser substituído adequadamente por
a) de herdeiro
b) financeiro
c) de se aposentar
d) matrimonial
e) de voltar para Portugal
 
51. "febre de possuir" é um exemplo da figura de linguagem denominada
a) antítese
b) hipérbato
c) metáfora
d) oximoro
e) perífrase

         Rita, essa noite, recolhera-se aflita e assustada. Deixara de ir ter com o amante e mais tarde admirava-se como fizera semelhante imprudência; como tivera coragem de pôr em prática , justamente no momento mais perigoso, uma coisa que ela, até aí, não se sentira com ânimo de praticar. No íntimo respeitava o capoeira; tinha-lhe medo. Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vício que amaldiçoamos sem poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho da raça superior. O cavouqueiro, pelo seu lado, cedendo às imposições mesológicas, enfarava a esposa, sua congênere, e queria a mulata, porque a mulata era o prazer, era a volúpia, era o fruto dourado do acre destes sertões americanos, onde a alma de Jerônimo aprendeu lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos bodes.

(Trecho do décimo quinto capítulo de O Cortiço)
ACRE: de cheiro forte;
CAVOUQUEIRO: aquele que trabalha em minas ou pedreiras;
CONGÊNERE: semelhante;
ESFARAVA: cansava-se de; enfadava-se com;
MESOLÓGICAS: relativas ao meio ambiente;
POREJOU: exalou pelos poros.

52. A inteireza da narrativa caracteriza o narrador
a) personagem
b) observador
c) personagem protagonista
d) onisciente
e) personagem secundário
 
53. A respeito do excerto acima, indique a alternativa incorreta.
a) “cedendo às imposições mesológicas” revela a influência insignificante do Cortiço na determinação do comportamento dos personagens.
b) “essa noite” refere-se à noite em que Jerônimo, com a ajuda de Pataca e Zé Carlos, matou Firmo.
c) O amante, a quem o narrador se refere no segundo período do excerto, é Firmo, o capoeira.
d) “preferiu no europeu o macho da raça superior” demonstra o determinismo zoomorfista comum entre os escritores naturalistas.
e) “o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração” manifesta o cientificismo determinista predominante no fim do século dezenove.
 
54. O trecho “onde a alma de Jerônimo aprendeu lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos bodes” expõe uma das características marcantes do naturalismo realista. Qual?
a) cientificismo
b) determinismo
c) factualismo
d) patologismo
e) zoomorfismo
 
55. O emprego repetitivo da palavra “era”, no trecho “porque a mulata era o prazer, era a volúpia, era o fruto dourado do acre destes sertões americanos”, caracteriza a figura de linguagem denominada
a) alegoria
b) aliteração
c) anacoluto
d) anadiplose
e) anáfora
 
56. O termo “propendeu” pode ser substituído adequadamente por
a) ficou livre
b) inclinou
c) jurou
d) prometeu
e) se arrependeu
 
57. Analise sintaticamente o período “No íntimo respeitava o capoeira; tinha-lhe medo” e aponte a alternativa incorreta.
a) Rita é o sujeito das duas orações.
b) “tinha” é verbo transitivo direto e indireto.
c) “lhe” é complemento nominal, equivale a “dele”.
d) “tinha-lhe medo” é oração subordinada substantiva apositiva.
e) “No íntimo” é adjunto adverbial de modo, equivale a “de certo modo”.
 
58. Analise morfologicamente o trecho “uma coisa que ela, até aí, não se sentira com ânimo de praticar” e assinale a alternativa incorreta.
a) “até aí” é locução adverbial de lugar.
b) O verbo “sentira” está flexionado na terceira pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do modo indicativo.
c) “que” é pronome relativo, seu antecedente é “coisa”.
d) “se” é pronome pessoal reflexivo.
e) “uma” é artigo indefinido.
 
59. A respeito do décimo capítulo do romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, aponte a alternativa incorreta.
a) No sábado, Miranda se prepara para festa de seu baronato, às voltas com bacalhaus, queijos e vinhos. Recebera do governo português o título de Barão do Freixal. João Romão acompanhava do cortiço os movimentos do vizinho e se exasperava, pois o invejava doídamente. Chegou a questionar a própria avareza: “qual seria o melhor e mais acertado: ter vivido como ele vivera até ali, curtindo privações, em tamancos e mangas de camisa; ou ter feito como o Miranda, comendo boas coisas e gozando à farta?”
b) No cortiço, Domingos – que havia desvirginado Florinda – desapareceu. Marciana – mãe de Florinda – procurou João Romão para receber o dote prometido. João Romão disse que não sabia de qualquer dote. Ficou com dinheiro que deixou de pagar ao caixeiro para que o deixasse fugir. Marciana tentou espancar a filha novamente, mas a menina fugiu.
c) No domingo, contra os desaforos de Marciana, João Romão a despejou. Mandou dois homens colocar pertences da mulher na rua. Marciana ficou acocorada, na rua, olhando fixamente para um lugar distante, falando sozinha. João Romão a denunciou como uma mulher endoidecida e sem domicílio, então, no fim da tarde, policiais a levaram para um presídio. Seus pertences foram recolhidos ao depósito público por ordem do inspetor do quarteirão. A Bruxa acompanhou impressionada o drama de Marciana.
d) à noite, Rita Baiana dançava no pátio do cortiço. Jerônimo, enfeitiçado, disse à morena que daria uma perna ao diabo por ela. Rita desprezou o desejo do português, porém, depois de muito rodar, caiu entontecida no colo de Jerônimo. O português se atreveu a beijá-la, mas só conseguiu uma bofetada na face. Firmo, endoidecido de ciúme, desafiou o português, que não se intimidou. Os dois se enfrentaram. Firmo bateu humilhantemente em Jerônimo, com seus golpes de capoeira, até que o português se viu obrigado a recorrer às suas habilidades com uma vara longa de madeira. Jerônimo fazia Firmo sangrar e já o davam como vencedor quando o capoeira se arremessou aos pés do português e lhe rasgou o ventre. Enquanto Jerônimo caía segurando os intestinos, Firmo fugia pelos fundos do cortiço.
e) A polícia chegou, os moradores fizeram uma barricada para impedir a entrada dos soldados, e conseguiam detê-los, mas a Bruxa ateou fogo na casa que era de Marciana. Os moradores correram a estancar o fogo. Os policiais aproveitaram o desespero e invadiram o cortiço. Antes que o fogo se alastrasse ou os policiais quebrassem tudo, uma chuva caiu fortemente.

         Por esse tempo, o amigo de Bertoleza, notando que o velho Libório, depois de escapar de morrer na confusão do incêndio, fugia agoniado para o seu esconderijo, seguiu‑o com disfarce e observou que o miserável, mal deu luz à candeia, começou a tirar ofegante alguma coisa do seu colchão imundo.
         Eram garrafas. Tirou a primeira, a segunda, meia dúzia delas. Depois puxou às pressas a coberta do catre e fez uma trouxa. Ia de novo ganhar a saída, mas soltou um gemido surdo e caiu no chão sem força, arrevessando uma golfada de sangue e cingindo contra o peito o misterioso embrulho.
         João Romão apareceu, e ele, assim que o viu, redobrou de aflição e torceu‑se todo sobre as garrafas, defendendo‑as com o corpo inteiro, a olhar aterrado e de esguelha para o seu interventor, como se dera cara a cara com um bandido. E, a cada passo que o vendeiro adiantava, o tremor e o sobressalto do velho recresciam, tirando‑lhe da garganta grunhidos roucos de animal batido e assustado. Duas vezes tentou erguer‑se; duas vezes rolou por terra moribundo. João Romão objurgou‑lhe que qualquer demora ali seria morte certa: o incêndio avançava. Quis ajudá‑lo a carregar o fardo. Libório, por única resposta, arregaçou os beiços, mostrando as gengivas sem dentes e tentando morder a mão que o vendeiro estendia já sobre as garrafas.
         Mas, lá de cima, a ponta de uma língua de fogo varou o teto e iluminou de vermelho a miserável pocilga. Libório tentou ainda um esforço supremo, e nada pôde, começando a tremer da cabeça aos pés, a tremer, a tremer, grudando‑se cada vez mais à sua trouxa, e já estrebuchava, quando o vendeiro lha arrancou das garras com violência. Também era tempo, porque, depois de insinuar a língua, o fogo mostrou a boca e escancarou afinal a goela devoradora.
         O tratante fugiu de carreira, abraçado à sua presa, enquanto o velho, sem conseguir pôr‑se de pé, rastreava na pista dele, dificultosamente, estrangulado de desespero senil, já sem fala, rosnando uns vagidos de morte, os olhos turvos, todo ele roxo, os dedos enriçados como as unhas de abutre ferido.

(Trecho do Capítulo XVII do romance O Cortiço)
ARREVESSANDO – lançando, expelindo, vomitando.
CATRE – cama.
OBJURGOU-LHE – argumentou, repreendeu.

60. Identifique a alternativa incorreta, depois de reler o trecho acima.
a) “amigo”, “interventor”, “vendeiro” e “tratante”, todos estes termos se referem a João Romão.
b) A perífrase “amigo de Bertoleza” – primeiro parágrafo – evidencia a notável amizade que existe entre João Romão e a ex-escrava.
c) João Romão é tomado como “tratante”, pelo narrador, porque oferece ajuda a Libório, mas, por fim, abandona o “miserável”, depois de roubar-lhe as garrafas de dinheiro.
d) “miserável” e “velho” são referências a Libório.
e) Os trechos “tirando‑lhe da garganta grunhidos roucos de animal batido e assustado” – terceiro parágrafo; “já estrebuchava, quando o vendeiro lha arrancou das garras com violência” – quarto parágrafo; “abraçado à sua presa” e “os dedos enriçados como as unhas de abutre ferido” – último parágrafo; são exemplos de zoomorfismo, característica frequente na obra de Aluísio Azevedo.
 
61. A palavra “língua”, do trecho “a ponta de uma língua de fogo varou o teto e iluminou de vermelho a miserável pocilga”, caracteriza a figura de linguagem reconhecida pelo nome
a) aliteração
b) apóstrofe
c) catacrese
d) pleonasmo
e) sinédoque
 
62. No trecho “depois de insinuar a língua, o fogo mostrou a boca e escancarou afinal a goela devoradora”, temos um exemplo da figura de linguagem denominada
a) antítese
b) hipálage
c) onomatopeia
d) prosopopeia
e) zeugma
 
63. O termo “cingindo”, no segundo parágrafo do excerto, pode ser substituído adequadamente por
a) apertando
b) avermelhando
c) quebrando
d) silenciando
e) tingindo
 
64. ANÁLISE MORFOLÓGICA do período “Libório tentou ainda um esforço supremo, e nada pôde, começando a tremer da cabeça aos pés, a tremer, a tremer, grudando‑se cada vez mais à sua trouxa, e já estrebuchava, quando o vendeiro lha arrancou das garras com violência”. Aponte a alternativa incorreta.
a) “a”, da contração “lha”, é artigo definido feminino.
b) “ainda” é advérbio de intensidade, indicando que o sujeito tentara muito.
c) “e”, da oração “e nada pôde”, é conjunção adversativa.
d) “nada” é pronome indefinido.
e) “pôde” recebe acento circunflexo diferencial para não ser confundido com o seu homógrafo “pode”.
 
65. ANÁLISE SINTÁTICA do período “Libório tentou ainda um esforço supremo, e nada pôde, começando a tremer da cabeça aos pés, a tremer, a tremer, grudando‑se cada vez mais à sua trouxa, e já estrebuchava, quando o vendeiro lha arrancou das garras com violência” Aponte a alternativa incorreta.
a) “a”, da contração “lha”, é adjunto adnominal de “lhe’.
b) “da cabeça aos pés” é adjunto adverbial de intensidade.
c) “das garras” é objeto indireto do verbo “arrancou”.
d) “lhe”, da contração “lha”, é adjunto adnominal de “garras”.
e) “quando o vendeiro lha arrancou das garras com violência” é oração subordinada adverbial de tempo.
 
66. O termo “grudando-se”, no trecho “grudando‑se cada vez mais à sua trouxa”, não significa “unindo-se com cola”, nem está sendo usado por falta de um vocábulo apropriado, por isso caracteriza a figura de linguagem chamada
a) assíndeto
b) epístrofe
c) eufemismo
d) metáfora
e) personificação

         Um homem alto, com ar de estroina, adiantou-se e entregou-lhe uma folha de papel.
         João Romão, um pouco trêmulo, abriu-a defronte dos olhos e leu-a demoradamente. Um silêncio formou-se em torno dele; os caixeiros pararam em meio do serviço, intimados por aquela cena em que entrava a polícia.
         – Está aqui com efeito... disse afinal o negociante. Pensei que fosse livre... - É minha escrava, afirmou o outro. Quer entregar-me? - Mas imediatamente. - Onde está ela?
         – Deve estar lá dentro. Tenha a bondade de entrar...
         O sujeito fez sinal aos dois urbanos, que o acompanharam logo, e encaminharam-se todos para o interior da casa. Botelho, à frente deles, ensinava-lhes o caminho. João Romão ia atrás, pálido, com as mãos cruzadas nas costas.
         Atravessaram o armazém, depois de um pequeno corredor que dava para um pátio calçado, chegaram finalmente à cozinha. Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro.
         Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre; adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.
         Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro.
         – É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los.          – Prendam-na! É escrava minha!
         A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
         Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
         E depois emborcou para frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
         João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.
         Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.
         Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.

(Trecho final do romance naturalista O Cortiço, de Aluísio Azevedo)
ESTROINA – Que age levianamente, de maneira irresponsável, desajuizado.
URBANOS – Soldados da polícia.

67. Releia o excerto acima e aponte a alternativa incorreta.
a) O décimo quarto parágrafo inocenta João Romão, que sempre respeitou e fez bem a Bertoleza, uma escrava fugida.
b) João Romão mente quando diz “Pensei que fosse livre”, no terceiro parágrafo.
c) O protagonista se mostrava “pálido” quando seguia os policiais porque sabia da inocência de Bertoleza e da desgraça que promovia na vida de sua amante.
d) No sétimo parágrafo, Bertoleza conclui que João Romão a enganara quando lhe dissera que havia comprado sua carta de alforria.
e) O termo “esfocinhando”, no décimo segundo parágrafo, compara Bertoleza a um animal. Tal atitude é bastante frequente nos romances naturalistas e a ela se dá nome zoomorfismo.
 
68. No início do décimo parágrafo, o narrador se refere a Bertoleza por uma de sua características: “negra”. Esse recurso, de se referir a alguém por alguma de suas características, recebe o nome de
a) alegoria
b) antonomásia
c) eufemismo
d) silepse
e) sinédoque

69. ANÁLISE MORFOLÓGICA. Aponte a alternativa incorreta. “Um homem alto, com ar de estroina, adiantou-se e entregou-lhe uma folha de papel”.
a) “alto” é adjetivo.
b) “com” é proposição.
c) “e” é conjunção aditiva.
d) “estroina” é substantivo.
e) “lhe” é pronome pessoal do caso oblíquo.

70. ANÁLISE SINTÁTICA. Assinale a alternativa incorreta. “Um homem alto, com ar de estroina, adiantou-se e entregou-lhe uma folha de papel”.
a) “com ar de estroina” é aposto.
b) “e entregou-lhe uma folha de papel” é oração coordenada sindética aditiva.
c) “lhe” é objeto indireto.
d) “se” é objeto direto.
e) “uma folha de papel” é objeto indireto.