vestibular
questões objetivas com textos
1. As alternativas trazem características da descrição objetiva, exceto:
a) adjetivos prováveis;
b) imagens sensíveis;
c) linguagem denotativa;
d) observação pessoal;
e) substantivos concretos.
2. As alternativas trazem características da descrição subjetiva, exceto:
a) substantivos abstratos;
b) linguagem denotativa;
c) imagens inteligíveis;
d) figuras de linguagem;
e) adjetivos improváveis.
CONTO ERÓTICO Nº 1 – Luís Fernando Veríssimo
Assim?
É. Assim
Mais depressa?
Não. Assim está bem. Um pouco mais par...
Assim?
Não, espere.
Você disse que...
Para o lado. Para o lado!
Querido...
Estava bem, mas você...
Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quando estiver bem.
Estava perfeito e você...
Você se descontrolou e perdeu o...
Eu já pedi desculpa!
Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora.
Assim?
Um pouco mais para cima.
Aqui?
Quase. Está quase!
Me diga como você quer. Oh, querido...
Um pouco mais para baixo.
Agora para o lado. Rápido!
Amor, eu...
Para cima! Um pouquinho...
Assim?
Ai! Ai!
Está bom?
Sim. Oh, sim. Oh yes, sim.
Não! Continue.
Puxa, mas você...
Deixa ver...
Não, não. Mais para cima.
Aqui?
Mais. Agora para o lado.
Assim? Para a esquerda. O lado esquerdo!
Aqui?
Isso! Agora coça.
3. Considerando o texto de Luís Fernando Veríssimo, marque a alternativa INCORRETA:
a) a ambiguidade foi criada pela ausência do discurso direto;
b) aparentemente, o texto parece ser uma narração de um momento em que acontece um relacionamento sexual;
c) a situação ambígua dá ao texto um caráter cômico;
d) a última frase permitiu que o leitor entendesse a real situação em que as personagens se encontravam;
e) o título é a única vez em que o locutor se faz presente.
4. O texto Conto Erótico nº 1 deve ser classificado como:
a) descritivo;
b) dissertativo;
c) dramático;
d) narrativo;
e) poético.
5. Um texto descritivo lida, principalmente, com:
a) ações.
b) argumentos.
c) características.
d) fatos.
e) opiniões.
6. Faça a correspondência correta entre as frases e as modalidades de texto.
a) descrição física.
b) descrição psicológica.
c) descrição ideológica.
d) descrição dinâmica.
e) narração.
( ) Eleonor passeia todas as tardes na praça com sua cachorrinha de pelúcia.
( ) Exatamente às três da tarde, Manuel embarcou de volta para Portugal.
( ) Marília tem os olhos escuros, muito abertos, sob sobrancelhas espessas.
( ) Seu mais forte desejo é ser respeitado pelos filhos.
( ) Uma palavra enunciada num tom levemente mais forte já é suficiente para ofender o menino Flávio.
7. “Mas todos gostaram logo dele, porque era meio doido e meio santo; e compreender deixaram para depois.” A informação dada nos apresenta um personagem
a) caricato
b) complexo
c) linear
d) simples
e) tipo
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos, Vidas Secas).
8. Assinale a alternativa correta sobre o discurso do texto acima, de Graciliano Ramos.
a) Encontra-se o discurso indireto livre no trecho interrogativo que encerra o fragmento, pois revela uma indignação do personagem.
b) No quarto período do fragmento, a afirmação “sim senhor” caracteriza o discurso direto, sabendo-se que se trata de uma afirmação do personagem, não do narrador.
c) Temos o discurso direto no primeiro período, considerando que o personagem fala diretamente ao leitor.
d) No segundo período, há a presença do discurso indireto livre, já que o narrador fala em lugar do personagem.
9. Assinale a alternativa em que a transposição do discurso direto para o indireto está incorreta.
a) Hoje, a absolvição será um ato de fraqueza.
Naquele dia, a absolvição seria um ato de fraqueza.
b) “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu”.
Meu pai me disse, à porta do Ateneu, que lá eu encontraria o mundo.
c) “Mas você compreende que uma coisa destas não é nada agradável pra mim!”.
Disse-me que eu compreendia que uma coisa dessas não era nada agradável para ele.
d) Não estou debatendo, estou defendendo meu voto.
Disse que não estava debatendo, que estava defendendo seu voto.
e) Vamos enforcar o último rei com as tripas do Papa.
Disseram que enforcariam o último rei com as tripas do Papa.
O caso evolucionara com rapidez. Muita rapidez, pensava Fräulein. Mas Carlos era ardido, tinha pressa. Por outra: não é que tivesse pressa exatamente, porém não sabia somar.
A aritmética nunca foi propícia aos brasileiros. Nós não somamos coisa nenhuma. Das quatro operações, unicamente uma nos atrai, a multiplicação, justo a que mais raro frequenta os sucessos deste mundo vagarento.
(Mário de Andrade, Amar, Verbo Intransitivo).
10. Que modalidade textual predomina no segundo parágrafo?
a) Descrição.
b) Dissertação.
c) Narração.
d) Poesia em prosa.
e) Prosa poética.
11. Ainda no segundo parágrafo do texto acima, de Mário de Andrade, o narrador interfere na narrativa para filosofar. Que nome recebe esse recurso de estilo?
a) Denotação.
b) Descrição.
c) Digressão.
d) Ironia.
e) Metalinguagem.
UNESP-2015 – As questões de números 12 a 16 tomam por base uma passagem de um romance de Autran Dourado (1926-2012).
A gente do Honório Cota
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas já era homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes,
da sua aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relógio; a calça é que era como a de todos na cidade — de brim, a não ser em certas ocasiões (batizado, morte, casamento — então era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver:
O passo vagaroso de quem não tem pressa — o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes só para vê-lo passar.
Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro, descarnado, como uma ave pernalta de grande porte. Sendo assim tão descomunal, podia ser desajeitado: não era, dava sempre a impressão de uma grande e ponderada figura. Não jogava as pernas para os lados nem as trazia abertas, esticava-as feito medisse os passos, quebrando os joelhos em reto.
Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado e prata, aí então sim era a grande, imponente figura, que enchia as vistas. Parecia um daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim, quando iam para a guerra armados cavaleiros.
(Ópera dos mortos, 1970.)
12. No primeiro parágrafo, com a frase “então era parelho mesmo, por igual”, o narrador faz referência ao fato de o coronel
a) vestir em certos eventos sociais a calça também de casimira.
b) ser par para qualquer desafio que lhe fizessem.
c) usar também em certas ocasiões o jaquetão de brim.
d) usar roupas iguais às de todos na cidade.
e) demonstrar sua humildade por meio das roupas.
13. No terceiro parágrafo, a comparação do coronel com uma ave pernalta representa
a) um recurso expressivo para ilustrar sua aparência e sua presença física.
b) uma figura de retórica sem grande significado descritivo.
c) uma imagem visual de seu temperamento amável, mas perigoso.
d) uma imagem que busca representar sua impressionante beleza.
e) um modo de chamar atenção para o ambiente rústico em que vivia
14. Em seu conjunto, a descrição do coronel sugere uma figura que
a) exibe um temperamento tímido e fechado.
b) manifesta desprezo por tudo à sua volta
c) demonstra humildade em tudo o que fazia.
d) revela nos gestos e comportamento segurança e poder
e) inspira certo receio aos habitantes da cidade.
15. No início do segundo parágrafo, por ter na frase a mesma função sintática que o vocábulo “vagaroso” com relação a “passo”, a oração “de quem não tem pressa” é considerada
a) coordenada sindética.
b) subordinada substantiva.
c) subordinada adjetiva.
d) coordenada assindética.
e) subordinada adverbial.
16. Analisando o último período do terceiro parágrafo, verifica-se que a palavra “feito” é empregada como
a) Advérbio.
b) Verbo.
c) Substantivo.
d) Adjetivo.
e) Conjunção
UEPG – 2015 – Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR – Texto para as questões 17 a 21
Biólogo acha mensagem em garrafa lançada ao mar em 1956
Uma mensagem armazenada em uma garrafa de vidro lançada ao mar por um oceanógrafo norte-americano em 1956 foi encontrada recentemente no litoral da Nova Escócia, no Canadá.
A mensagem estava em uma das milhares de garrafas lançadas ao Oceano Atlântico entre 1956 e 1972 como parte de uma experiência do oceanógrafo Dean Bumpus para estudar as correntes oceânicas profundas e de superfície.
Cerca de 10% das 300 mil garrafas usadas por Bumpus foram encontradas ao longo dos anos. A garrafa em questão foi encontrada pelo biólogo Warren Joyce em janeiro, no meio de uma pilha de detritos em Sable Island.
"Foi como encontrar um tesouro", disse Joyce. Ele devolveu a garrafa ao Instituto Oceanográfico Woods Hole, em Cape Cod, junto com a data de localização pedida por Bumpus.
A recompensa foi a mesma prometida pelo cientista em 1956 para quem devolvesse a garrafa encontrada: uma moeda de 50 centavos.
Adaptado de: Jornal Gazeta do Povo de 09/02/2014, caderno Mundo, página 24 – Boston Agência Estado.
17. De acordo com o conteúdo do texto, assinale o que for correto.
(01) Ao longo dos anos, foram resgatadas em torno de trinta mil garrafas lançadas ao mar pelo cientista norte-americano entre 1956 e 1972.
(02) Warren Joyce atendeu à solicitação de Bumpus levando a garrafa encontrada ao Instituto Oceanográfico Woods Hole informando a data da localização e recebeu a recompensa prometida pelo oceanógrafo.
(04) O biólogo retornou a garrafa para o Instituto, pois a mensagem que ele encontrou dentro dela, prometia um tesouro como recompensa.
(08) O biólogo Warren Joyce conseguiu encontrar a referida garrafa, pois estava em Sable Island para pesquisar sobre correntes oceânicas de superfície.
18. No que diz respeito à construção do texto, assinale o que for correto.
01) O texto iniciou com um período na voz passiva em que o sujeito "mensagem" é paciente e o termo "oceanógrafo" é o agente da passiva.
02) O pronome pessoal reto "ele" que inicia o segundo período do quarto parágrafo foi empregado para evitar a repetição do nome próprio Joyce, mencionado anteriormente.
04) O substantivo masculino "meio" empregado no segundo período do terceiro parágrafo refere-se a um ponto médio em um espaço determinado.
08) A preposição "para" presente no período do segundo parágrafo indica uma relação de finalidade e pode ser substituída pela locução "a fim de" sem prejudicar o sentido do contexto.
19. No início do quarto parágrafo aparece a conjunção adverbial comparativa "como". Assinale o que for correto em que a conjunção presente no período estabelece essa mesma circunstância.
(01) Warren Joyce ficou feliz como se tivesse recebido um prêmio.
(02) A garrafa foi devolvida ao Instituto como foi solicitado pelo cientista.
(04) Como fazia muito tempo que a garrafa tinha sido lançada ao mar, o biólogo ficou surpreso com o achado.
(08) O biólogo entendia do assunto tanto quanto o oceanógrafo
20. No título do texto foi empregada a preposição "em" por duas vezes: a primeira indicando lugar e a segunda indicando tempo. Assinale o que for correto em que a preposição destacada corresponde à relação de sentido mencionada entre parênteses.
(01) As crianças se feriram com cacos de garrafa. (instrumento).
(02) Cientistas de todos os países da América do Norte compareceram ao encontro. (companhia).
(04) Lemos muitos artigos interessantes de biólogos renomados. (autoria).
(08) Algumas garrafas com mensagens foram encontradas vários anos depois. (conteúdo).
21. No período do primeiro parágrafo foi empregado o adjetivo pátrio composto "norte-americano" para designar a origem de Dean Bumpus. No que diz respeito ao adjetivo pátrio composto e a sua respectiva correspondência, assinale o que for correto.
(01) Reuniões franco-italianas – França e Itália.
(02) Competições teuto-inglesas – Alemanha e Inglaterra.
(04) Associações sino-japonesas – China e Japão.
(08) Acordos nipo-brasileiros – Nepal e Brasil.
UNICAMP - 2015
A busca por vida fora da terra
Um sinal eletrônico é emitido pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, sigla em inglês) da NASA, em Pasadena, Califórnia, e viaja até um robô fixado na parte inferior da camada de gelo de 30 centímetros de espessura em um lago do extremo norte do Alasca. O holofote do robô começa a brilhar. “Funcionou!”, exclama John Leichty, um jovem engenheiro do JPL, que está em uma barraca perto do lago congelado. Embora não pareça uma grande façanha tecnológica, esse talvez seja o primeiro passo para a exploração de uma lua distante.
Mais de sete mil quilômetros ao sul do Alasca, no México, a geomicrobióloga Penelope Boston caminha por uma água turva que bate em seus tornozelos, em uma gruta, cerca de 15 metros abaixo da superfície. Como os outros cientistas que a acompanham, Penelope carrega um respirador pesado, além do tanque adicional de ar, de modo que possa sobreviver em meio ao sulfeto de hidrogênio, monóxido de carbono e outros gases venenosos da caverna. Aos seus pés, a água corrente contém ácido sulfúrico. A lanterna no capacete ilumina a gotícula de uma gosma espessa e semitranslúcida que escorre da parede. “Não é incrível?”, exclama.
Esses dois locais (um lago congelado no ártico e uma gruta nos trópicos) talvez possam fornecer pistas para um dos mistérios mais antigos e instigantes: existe vida fora do nosso planeta? Criaturas em outros mundos, seja em nosso sistema solar, seja em órbita ao redor de estrelas distantes, poderiam muito bem ter de sobreviver em oceanos recobertos de gelo, como os que existem em um dos satélites de Júpiter, ou em grutas fechadas e repletas de gás, que talvez sejam comuns em Marte. Portanto, se for possível determinar um procedimento para isolar e identificar formas de vida em ambientes igualmente extremos aqui na Terra, então estaremos mais preparados para empreender a busca pela vida em outras partes do Universo.
(Adaptado de Michael D. Lemonick, A busca por vida fora da Terra. National Geographic, jul. 2014, p. 38-40.)
22. (Questão 66 da prova de conhecimentos gerais das provas R e Z da 1ª fase). A partir da leitura do texto, pode-se afirmar que:
a) O robô está presente tanto no lago congelado no ártico como na gruta nos trópicos.
b) O jovem engenheiro do JLP e a geomicrobióloga carregam respiradores para ajudá-los a respirar.
c) O jovem engenheiro do JLP e a geomicrobióloga estão executando suas pesquisas sozinhos.
d) O holofote do robô é ligado a partir de um sinal emitido pelo laboratório JPL
23. (Questão 67 da prova de conhecimentos gerais das provas R e Z da 1ª fase). Assinale a alternativa que resume adequadamente o texto.
a) Estudos sobre formas de vida em ambientes extremos podem preparar os cientistas para enfrentar a questão da busca pela vida fora da Terra.
b) A partir de uma caverna no Alasca, um robô revela pistas sobre outras formas de vida no nosso sistema solar.
c) os trabalhos científicos desenvolvidos em qualquer lugar da Terra permitem compreender formas de vida em outros planetas.
d) Cientistas, trabalhando em ambientes extremos, desenvolveram procedimentos capazes de detectar vida fora da terra.
‘Robótica não é filme de Hollywood', diz Nicolelis sobre o exoesqueleto.
Robô comandado por paraplégico foi mostrado na abertura da Copa. Equipamento transforma força do pensamento em movimentos mecânicos.
Em entrevista ao G1, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis comentou que inicialmente estava previsto um jovem paraplégico se levantar da cadeira de rodas, andar alguns passos e dar um chute na bola, que seria o “pontapé inicial” do Mundial do Brasil. Mas a estratégia foi revista após a Fifa informar que o grupo teria 29 segundos para realizar a demonstração científica.
Na última quinta-feira, o voluntário Juliano Pinto, de 29 anos, deu um chute simbólico na bola da Copa usando o exoesqueleto. Na transmissão oficial, exibida por emissoras em todo o mundo, a cena durou apenas sete segundos.
O neurocientista minimizou as críticas recebidas após a rápida apresentação na Arena Corinthians: “Tenham calma, não olhem para isso como se fosse um jogo de futebol. Tem que conhecer tecnicamente e saber o esforço. Robótica não é filme de Hollywood, tem limitações que nós conhecemos. O limite desse trabalho foi alcançado. Os oito pacientes atingiram um grau de proficiência e controle mental muito altos, e tudo isso será publicado”, garante.
(Adaptado de Eduardo Carvalho, ‘Robótica não é filme de Hollywood', diz Nicolelis sobre o exoesqueleto. Disponível em http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/06/robotica-nao-e-filme-de-hollywood-diz-nicolelis-sobre- o-exoesqueleto.html. Acessado em 18/06/2014.)
24. (Questão 68 da prova de conhecimentos gerais das provas R e Z da 1ª fase). Considerando a notícia transcrita acima, pode-se dizer que a afirmação reproduzida no título (“Robótica não é filme de Hollywood”)
a) reitera a baixa qualidade técnica das imagens da demonstração com o exoesqueleto, depreciando a própria realização do experimento com voluntários.
b) destaca a grande receptividade da demonstração com o exoesqueleto junto ao público da Copa, superior à dos filmes produzidos em Hollywood.
c) aponta a necessidade de maiores investimentos financeiros na geração de imagens que possam
valorizar a importância de conquistas científicas na mídia.
d) sugere que os resultados desse feito científico são muito mais complexos do que as imagens veiculadas pela televisão permitiram ver.
Leia o seguinte excerto de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis:
Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p.120.)
25. (Questão 69 da prova de conhecimentos gerais das provas R e Z da 1ª fase). Na passagem citada, a substituição da máxima pascalina de que o homem é um caniço pensante pelo enunciado “o homem é uma errata pensante” significa
a) a realização da contabilidade dos erros acumulados na vida porque, em última instância, não há “edição definitiva”.
b) a tomada de consciência do caráter provisório da existência humana, levando à celebração de cada instante vivido.
c) a tomada de consciência do caráter provisório da existência humana e a percepção de que esta é passível de correção.
d) a ausência de sentido em “cada estação da vida”, já que a morte espera o homem em sua “edição definitiva”.
FUVEST - 2015 - Texto para as questões 26 e 27.
Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.
Antonio Candido, “Dez livros para entender o Brasil”. Teoria e debate. Ed. 45, 01/07/2000.
26. (Questão 23 da 1ª fase da FUVEST 2015) – Traduz uma ideia presente no texto a seguinte afirmação:
a) O efeito de um livro sobre o leitor é condicionado pela quantidade de informações que o texto veicula.
b) A recepção de um livro pode ser influenciada pela situação vivida pelo leitor.
c) A verdadeira erudição não dispensa a leitura dos bons manuais escolares.
d) A leitura de um livro a qual tem finalidades meramente práticas prejudica a assimilação do conhecimento.
e) O reconhecimento do valor de um livro depende, primordialmente, dos sentimentos pessoais do leitor.
27. (Questão 24 da 1ª fase da FUVEST 2015) – Constitui recurso estilístico do texto
I. a combinação da variedade culta da língua escrita, que nele é predominante, com expressões mais comuns na língua oral;
II. a repetição de estruturas sintáticas, associada ao emprego de vocabulário corrente, com feição didática;
III. o emprego dominante do jargão científico, associado à exploração intensiva da intertextualidade.
Está correto apenas o que se indica em
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) III.
e) I e III
Texto para as questões 28 e 29.
Tornando da malograda espera do tigre, alcançou o capanga um casal de velhinhos, que seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera que destinavam eles uns cinquenta mil réis, tudo quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.
– Mas chegará, homem? Perguntou à velha.
– Há de se espichar bem, mulher!
Uma voz os interrompeu:
– Por este preço dou eu conta da roça!
– Ah! É nhô Jão!
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que estava destinado para o roçado.
Acompanhou os Jão Fera; porém, mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no afã de ganhar a soma precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos e foi-se deixando os embasbacados.
José de Alencar, Til.
* moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter gratuito).
28. (Questão 25 da 1ª fase da FUVEST 2015) – Considere os seguintes comentários sobre diferentes elementos linguísticos presentes no texto:
I. Em “alcançou o capanga um casal de velhinhos” (L.1-2), o contexto permite identificar qual é o sujeito, mesmo este estando posposto.
II. O verbo sublinhado no trecho “que seguiam diante dele o mesmo caminho” (L.2-3) poderia estar no singular sem prejuízo para a correção gramatical.
III. No trecho “que destinavam eles uns cinquenta mil-réis” (L.5), pode-se apontar um uso informal do pronome pessoal reto “eles”, como na frase “Você tem visto eles por aí?”.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III
29. (Questão 26 da 1ª fase da FUVEST 2015) – Considerada no contexto, a palavra sublinhada no trecho “mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada” (L. 17-18) expressa ideia de
a) tempo.
b) qualidade.
c) intensidade.
d) modo.
e) negação.
CAPÍTULO CVIII – QUE SE NÃO ENTENDE
Eis aí o drama, eis aí a ponta da orelha trágica de Shakespeare. Esse retalhinho de papel, garatujado em partes, machucado das mãos, era um documento de análise, que eu não farei neste capítulo, nem no outro, nem talvez em todo o resto do livro. Poderia eu tirar ao leitor o gosto de notar por si mesmo a frieza, a perspicácia e o ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa; e por trás delas a tempestade de outro cérebro, a raiva dissimulada, o desespero que se constrange e medita, porque tem de resolver Ͳ se na lama, ou no sangue, ou nas lágrimas?
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
30. (Questão 30 da 1ª fase da FUVEST 2015) – Ao comentar o bilhete de Virgília, o narrador se vale, principalmente, do seguinte recurso retórico:
a) Hipérbato: transposição ou inversão da ordem natural das palavras de uma oração, para efeito estilístico.
b) Hipérbole: ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística.
c) Preterição: figura pela qual se finge não querer falar de coisas sobre as quais se está, todavia, falando.
d) Sinédoque: figura que consiste em tomar a parte pelo todo, o todo pela parte; o gênero pela espécie, a espécie pelo gênero; o singular pelo plural, o plural pelo singular etc.
e) Eufemismo: palavra, locução ou acepção mais agradável, empregada em lugar de outra menos agradável ou grosseira.
Texto para a questão 31.
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
Aluísio Azevedo, O cortiço.
31. (Questão 32 da 1ª fase da FUVEST 2015) – O conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro) aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”, “baunilha” etc., todas presentes no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do texto, constitui também um hiperônimo a palavra
a) “alma”.
b) “impressões”.
c) “fazenda”.
d) “cobra”.
e) “saudade”.
32. (Questão 37 da 1ª fase da FUVEST 2015) – Dentre estas propostas de substituição para diferentes trechos do texto, a única que NÃO está correta do ponto de vista da norma-padrão é:
a) “Para onde vai ele, (...)?” = Aonde vai ele, (...)?
b) “O operário não lhe sobra tempo de perceber” = Ao operário não lhe sobra tempo de perceber.
c) “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão” = Teria vergonha de chamá-lo de meu irmão.
d) “Tenho vergonha e vontade de encará-lo” = Tenho vergonha e vontade de o encarar.
e) “quem sabe se um dia o compreenderei” = quem sabe um dia compreenderei-o.
Academia Militar do BARRO BRANCO - 2014
Daqui __________ 30 anos, quando o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP completar seu primeiro centenário, o cenário da saúde pública terá certamente _______________, seguindo o dinamismo inerente ao SUS (Sistema Único de Saúde). O hospital, que completa 70 anos de existência no próximo 19 de abril, é procurado por pacientes de todo o Brasil _________ sua qualidade e excelência assistencial. Trata-se de uma população que conhece e, principalmente, confia no hospital. Muitas vezes, só nele.
(Giovanni Guido Cerri, Um hospital de superlativos. Folha de S.Paulo, 16.04.2014. Adaptado)
33. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
a) há ... se transformado ... devido a
b) há ... transformado-se ... devido
c) à ... se transformado ... devido à
d) a ... se transformado ... em razão de
e) a ... transformado-se ... por causa de
Leia dois trechos do conto O Pároco da Aldeia, de Alexandre Herculano, para responder às questões de números 34 a 37.
I. A árvore da ciência, transplantada do Éden, trouxe consigo a dor, a condenação e a morte; mas a sua pior peçonha guardou-se para o presente: foi o ceticismo.
II. Feliz a inteligência vulgar e rude, que segue os caminhos da vida com os olhos fitos na luz e na esperança postas pela religião além da morte, sem que um momento vacile, sem que um momento a luz se apague ou a esperança se desvaneça!
(Extraídos de Massaud Moisés, A literatura portuguesa)
34. A leitura dos trechos I e II permite concluir que o narrador
a) condena a inteligência vulgar e rude, símbolo da condenação e da morte, pois se afasta da verdade, difundida pela árvore da ciência.
b) apresenta a ciência como um problema para a vida humana, pois trouxe consigo o ceticismo, o que se opõe aos ensinamentos da religião.
c) exalta a árvore da ciência e tenta conciliar os seus fundamentos com os da religião, de modo a garantir uma vida de luz e esperança ao homem.
d) explora as contradições naturais entre as ideias da ciência e as da religião, buscando isentar-se de um ponto de vista favorável a uma ou a outra.
e) reconhece os preceitos que fundamentam o pensamento da ciência, razão pela qual acredita que esta possa explicar a religião.
35. No trecho I, o termo peçonha significa metaforicamente
a) consequência.
b) maldade.
c) inclinação moral.
d) qualidade.
e) substância venenosa
36. Nas passagens – ...mas a sua pior peçonha guardou-se para o presente... – e – ...ou a esperança se desvaneça! –, os termos em destaquem expressam, respectivamente, sentidos de
a) causa e de consequência.
b) oposição e de causa.
c) conclusão e de causa.
d) oposição e de alternância.
e) conclusão e de alternância.
37. Assinale a alternativa em que a expressão destacada é indicativa de modo.
a) A árvore da ciência, transplantada do Éden...
b) ...mas a sua pior peçonha guardou-se para o presente...
c) ...que segue os caminhos da vida com os olhos fitos na luz...
d) ...e na esperança postas pela religião além da morte...
e) ...sem que um momento a luz se apague...
Leia o texto para responder às questões de números 38 a 42.
Os leitores da revista podem achar estranhos os nomes Jorchual, Carkelys, Marvinia e Lourds. Mas todos eles são de pessoas que poderiam perfeitamente ter nascido no Brasil. São estudantes esforçados que sonham em seguir uma boa carreira. Donas de casa preocupadas com o bem-estar dos filhos. Profissionais liberais com garra para trabalhar. Por terem nascido e viverem na Venezuela, porém, mesmo para as coisas mais elementares, como comprar carne em um açougue ou expressar sua opinião pessoal, eles precisam batalhar. Desde fevereiro, centenas de milhares de venezuelanos como eles foram às ruas protestar, na maioria das vezes pacificamente, contra o governo. O presidente Nicolás Maduro reagiu colocando todas as forças de segurança do Estado, além de milícias paramilitares, para reprimir as manifestações e espalhar o terror entre os cidadãos que ousam se organizar para lutar por seus direitos.
(Veja, 16.04.2014. Adaptado)
38. No contexto em que as informações estão organizadas, o pronome vocês poderia substituir, sem prejuízo de sentido ao texto, a passagem destacada em:
a) Os leitores da revista podem achar...
b) Mas todos eles são de pessoas que...
c) São estudantes esforçados que...
d) ...venezuelanos como eles foram às ruas protestar...
e) ...e espalhar o terror entre os cidadãos que
39. De acordo com o texto, aqueles que precisam batalhar em seu cotidiano são
a) brasileiros, moram no Brasil e se opõem ao governo de Maduro.
b) brasileiros, moram na Venezuela e se opõem ao governo de Maduro.
c) venezuelanos que, mesmo no Brasil, sofrem perseguição do governo de Maduro.
d) brasileiros que resolveram apoiar os venezuelanos contra o governo de Maduro.
e) venezuelanos, perseguidos por serem contrários ao governo de Maduro
40. A passagem do texto que expressa sentido de causa é:
a) ...poderiam perfeitamente ter nascido no Brasil.
b) ...que sonham em seguir uma boa carreira.
c) Por terem nascido e viverem na Venezuela...
d) ...como comprar carne em um açougue...
e) ...ou expressar sua opinião pessoal...
41. Analisando-se a reação de Nicolás Maduro em relação aos protestos, conclui-se que o presidente venezuelano
a) incitou sua continuidade.
b) procurou coibi-los.
c) abriu-se ao diálogo.
d) evitou o uso da força física.
e) proibiu os embates diretos.
42. Na última oração do texto – ...para lutar por seus direitos.–, o pronomes seus refere-se
a) ao governo venezuelano.
b) às milícias paramilitares.
c) ao Estado venezuelano.
d) aos cidadãos venezuelanos.
e) ao presidente venezuelano
43. Assinale a alternativa em que se indica corretamente a relação estabelecida entre os versos transcritos.
a) Gradação: Pálida à luz da lâmpada sombria, / Sobre o leito de flores reclinada.
b) Intensidade: Como a lua por noite embalsamada, / Entre as nuvens do amor ela dormia!
c) Causa: Era um anjo entre nuvens d’alvorada / Que em sonhos se banhava e se esquecia!
d) Comparação: Era mais bela! o seio palpitando / Negros olhos as pálpebras abrindo.
e) Antítese: Por ti – as noites eu velei chorando, / Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
ENEM - 2014
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo para xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que eu tou aqui com alegria.
BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www.luizgonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013.
44. (Questão 97 do caderno amarelo) – A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é:
a) “Isso é um desaforo”.
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”.
c) “Vou mostrar pr’esses cabras”.
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”.
e) “Vem cá morena linda, vestida de chita”.
Eu acho um fato interessante… né… foi como meu pai e minha mãe vieram se conhecer… né… que minha mãe morava no Piauí com toda família… né… meu... meu avô… materno no caso… era maquinista… ele sofreu um acidente… infelizmente morreu… minha mãe tinha cinco anos… né… e o irmão mais velho dela… meu padrinho… tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar… foi trabalhar no banco… e… ele foi… o banco… no caso… estava… com um número de funcionários cheio e ele teve que ir para outro local e pediu transferência prum lugar mais perto de Paranaíba que era a cidade onde eles moravam e por engano o… o… escrivão entendeu Paraíba… né… e meu… minha família veio parar em Mossoró que era exatamente o local mais perto onde tinha vaga pra funcionário do Banco do Brasil e... ela foi parar na rua do meu pai… né… e começaram a se conhecer… namoraram onze anos… né… pararam algum tempo… brigaram… é lógico… porque todo relacionamento tem uma briga… né… e eu achei esse fato muito interessante porque foi uma coincidência incrível… né… como vieram a se conhecer… namoraram e hoje… e até hoje estão juntos… dezessete anos de casados.
CUNHA, M. A. F. (Org.). Corpus discurso & gramática: a língua falada e escrita na cidade do Natal. Natal: EdUFRN, 1998.
45. (Questão 102 do caderno amarelo) – Na transcrição da fala, há um breve relato de experiência pessoal, no qual se observa a frequente repetição de “né”. Essa repetição é um(a)
a) índice de baixa escolaridade do falante.
b) estratégia típica da manutenção da interação oral.
c) marca de conexão lógica entre conteúdos na fala.
d) manifestação característica da fala regional nordestina.
e) recurso enfatizador da informação mais relevante da narrativa.
TAREFA
Morder o fruto amargo e não cuspir
Mas avisar aos outros o quanto é amargo
Cumprir o trato injusto e não falhar
Mas avisar aos outros quanto é injusto
Sofrer o esquema falso e não ceder
Mas avisar aos outros o quanto é falso
Dizer também que são coisas imutáveis
E quando em muitos a não pulsar
– do amargo e injusto e falso por mudar –
então confiar à gente exausta o plano
de um modo novo e muito mais humano.
CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
46. (Questão 107 do caderno amarelo) – Na organização do poema, os empregos da conjunção “mas” articulam, para além de sua função sintática,
a) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes.
b) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis.
c) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.
d) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório.
e) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo.
EM BOM PORTUGUÊS
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam assim:
– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher.
Sabino, F. Folha de S. Paulo, 13 abr 1984 (adaptado)
47. (Questão 110 do caderno amarelo) – A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica essa característica da língua, evidenciando que
a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas.
b) a utilização de inovações no léxico é percebida na comparação de gerações.
c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica.
d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o falante.
e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as regiões.
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1988.
48. (Questão 132 do caderno amarelo) – No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um (a)
a) diário, por trazer lembranças pessoais.
b) fábula, por apresentar uma lição de moral.
c) notícia, por informar sobre um acontecimento.
d) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.
e) crônica, por tratar de fatos do cotidiano.
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal – eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo – também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro. Record, 2004.
49. (Questão 133 do caderno amarelo) – Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.