Contos

Machado de Assis

A CARTOMANTE

1. Sobre o conto A Cartomante, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta.
a) Rita não parece ter tido muitos escrúpulos para trair seu marido, Vilela. Sua grande preocupação é assegurar-se do amor de Camilo.
b) Camilo apresenta grandes problemas de consciência por trair o amigo Vilela. O amor de Camilo por Rita parece verdadeiro, mas não trairia o amigo se Rita não fosse tão maltratada pelo marido.
c) Vilela preenche o lugar convencional do marido, parece gostar da mulher e ser um amigo devotado de Camilo. No fim, a aparência descomposta e o gesto extremo de Vilela fazem dele uma figura mais marcante do que aquela que pressentiríamos no decorrer da narrativa.
d) Rita, Camilo e Vilela formam um triângulo amoroso cuja história está no centro de “A Cartomante”. Rita dá sinais de ser uma moça um pouco simplória e romântica.
e) Camilo é um jovem bastante autoconfiante, aparentemente autossuficiente, que se revela também em sua atitude em relação às crendices e à fé religiosa em geral.
 
2. Sobre o personagem CAMILO, do conto A Cartomante, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta.
a) Herdara da mãe, as superstições e a religião, mas, ao se tornar adulto, Camilo abandonou tanto a religião quanto as superstições.
b) Camilo trabalhava como funcionário público.
c) Depois de visitar a cartomante, as crenças parecem renascer em Camilo e tomar conta dele.
d) Apesar de não ser propriamente uma vítima, Camilo foi envolvido por Rita.
e) Diante do perigo, Camilo não hesita: dirige-se apressadamente à casa da cartomante.
 
3. Que afirmações estão corretas considerando o conto A Cartomante, escrito pelo fundador da Academia Brasileira de Letras Machado de Assis?
a) O conto foi narrado na terceira pessoa; a personagem Rita consultou uma cartomante numa quinta-feira de 1869; ocorre intertextualidade.
b) O conto foi narrado na primeira pessoa; a personagem Rita consultou uma cartomante numa quarta-feira de 1689; ocorre intertextualidade.
c) O conto foi narrado na terceira pessoa; a personagem Rita consultou uma cartomante numa terça-feira de 1896; não ocorre intertextualidade.
d) O conto foi narrado na terceira pessoa; a personagem Rita consultou uma cartomante numa segunda-feira de 1698; ocorre intertextualidade.
e) O conto foi narrado na primeira pessoa; a personagem Rita consultou uma cartomante numa sexta-feira de 1869; não ocorre intertextualidade.
 
4. No conto A Cartomante, de Machado de Assis:
a) A honra masculina não se sente ferida com a traição feminina;
b) A mulher é representada por uma personagem de caráter impecável;
c) A traição ressurge como um crime imperdoável;
d) Os dois personagens masculinos são exemplos de uma amizade perfeita;
e) A cartomante é uma personagem complexa e original, diferente das videntes comuns.
 
5. (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta a respeito de A Cartomante, de Machado de Assis.
a) Vilela e Camilo eram amigos de infância, sendo este funcionário público, e aquele, magistrado.
b) Quando da morte da mãe de Camilo, Vilela e Rita se mostram extremamente preocupados em ajudar o amigo.
c) O conto se inicia com Rita dizendo a Camilo que tinha consultado uma cartomante.
d) Um dia, próximo do meio-dia, Camilo recebe um bilhete de Vilela, dizendo que ele fosse à sua casa imediatamente.
e) Passando em frente à casa da cartomante, Camilo se mantém cético e não a visita.
 
6. (UFV) Sobre a narrativa machadiana A Cartomante, apenas NÃO se pode afirmar que:
a) a personagem Rita, ao concluir que “havia muita coisa misteriosa e verdadeira neste mundo”, traduz vulgarmente a sentença de Hamlet, o famoso herói shakespeariano: “há mais coisa no céu e na terra do que sonha a nossa vã filosofia”.
b) o desfecho de A Cartomante é trágico e seus personagens, Vilela, Camilo e Rita, formam o típico triângulo amoroso de grande parte das obras do período realista.
c) a personagem Rita mostra-se descrente em relação às premonições da cartomante, opondo-se ao comportamento de Camilo, extremamente supersticioso e obcecado por bruxarias.
d) a ironia machadiana reflete-se, sobretudo, nos momentos finais do texto, pelo contraste entre as profecias otimistas da cartomante e o destino cruel dos amantes Rita e Camilo.
e) a narrativa A Cartomante retrata uma situação de adultério e confirma a tendência realista para destruir e ridicularizar o casamento romântico.
 
7. O conto “A Cartomante”, de Machado de Assis, só não termina com uma
a) desgraça;
b) catástrofe;
c) infelicidade;
d) fatalidade;
e) desventura;
f) profecia;
g) desdita;
h) tragédia;
 
          Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
 
8. A respeito do excerto acima, aponte a alternativa incorreta.
a) A expressão “de mistura” sugere que houve uma sucessão de muitos sentimentos em pouco tempo.
b) A frase “Adeus, escrúpulos!” não se apresenta como um discurso direto, mas sim como uma sugestão do narrador para definir a atitude de Camilo.
c) Camilo sentiu “vexame, sustos, remorsos, desejos”.
d) O narrador inocenta Rita de ter provocado e principiado o adultério.
e) O trecho “Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos” é um exemplo de alegoria, porque desenvolve a metáfora “Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé”.
 
9. Em análise morfológica, assinale a alternativa incorreta, considerando o primeiro período do excerto.
a) “já” é advérbio de tempo.
b) “mas” é conjunção adversativa.
c) O acento gráfico circunflexo do verbo “pôde” indica o tempo passado.
d) O verbo “fugir” está em sua forma nominal infinitiva e pertence à terceira conjugação.
e) “sinceramente” é advérbio do verbo “fugir”.
 
10. No segundo período do excerto temos uma figura de linguagem denominada
a) alegoria
b) anacoluto
c) antítese
d) oximoro
e) paradoxo
 
11. Em análise sintática, assinale a alternativa incorreta, considerando este trecho: “Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante”.
a) “a vitória delirante” é oração coordenada sindética adversativa da primeira oração e coordenada sindética aditiva da segunda.
b) “de mistura” é adjunto adnominal.
c) “tudo” é aposto resumitivo.
d) O verbo da terceira oração – a vitória foi delirante – está zeugmatizado.
e) “tudo” é objeto direto do verbo “sentiu”.

12. No trecho “Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos”, temos a ocorrência de
a) alegoria
b) anacoluto
c) antítese
d) oximoro
e) paradoxo

A CAUSA SECRETA

13. A Causa Secreta, Machado de Assis: qual é a “causa secreta”?
a) O plano de vingança de Gouveia contra os capoeiras que o feriram é a “causa secreta” desta história.
b) A “causa secreta” é o amor que Garcia sente pela mulher de Fortunato.
c) A paixão de Maria Luísa por Garcia é a “causa secreta” do conto.
d) A “causa secreta” é o sadismo de Fortunato, o prazer que ele sente com o sofrimento alheio, de pessoas ou de animais.
e) Gouveia sentiu-se humilhado quando o seu agradecimento foi desprezado por Fortunato. Prestar um favor a Fortunato para logo seguida desprezar seu agradecimento, essa era a “causa secreta” de Gouveia.

          Maria Luísa defendeu-se a medo, disse que era nervosa e mulher; depois foi sentar-se à janela com as suas lãs e agulhas, e os dedos ainda trêmulos, tal qual a vimos no começo desta história. Hão de lembrar-se que, depois de terem falado de outras coisas, ficaram calados os três, o marido sentado e olhando para o teto, o médico estalando as unhas. Pouco depois foram jantar; mas o jantar não foi alegre. Maria Luísa cismava e tossia; o médico indagava de si mesmo se ela não estaria exposta a algum excesso na companhia de tal homem. Era apenas possível; mas o amor trocou-lhe a possibilidade em certeza; tremeu por ela e cuidou de os vigiar.
          Ela tossia, tossia, e não se passou muito tempo que a moléstia não tirasse a máscara. Era a tísica, velha dama insaciável, que chupa a vida toda, até deixar um bagaço de ossos. Fortunato recebeu a notícia como um golpe; amava deveras a mulher, a seu modo, estava acostumado com ela, custava-lhe perdê-la. Não poupou esforços, médicos, remédios, ares, todos os recursos e todos os paliativos. Mas foi tudo vão. A doença era mortal.
          Nos últimos dias, em presença dos tormentos supremos da moça, a índole do marido subjugou qualquer outra afeição. Não a deixou mais; fitou o olho baço e frio naquela decomposição lenta e dolorosa da vida, bebeu uma a uma as aflições da bela criatura, agora magra e transparente, devorada de febre e minada de morte. Egoísmo aspérrimo, faminto de sensações, não lhe perdoou um só minuto de agonia, nem lhos pagou com uma só lágrima, pública ou íntima. Só quando ela expirou, é que ele ficou aturdido. Voltando a si, viu que estava outra vez só.
          De noite, indo repousar uma parenta de Maria Luísa, que a ajudara a morrer, ficaram na sala Fortunato e Garcia, velando o cadáver, ambos pensativos; mas o próprio marido estava fatigado, o médico disse-lhe que repousasse um pouco.
          Vá descansar, passe pelo sono uma hora ou duas: eu irei depois.
          Fortunato saiu, foi deitar-se no sofá da saleta contígua, e adormeceu logo. Vinte minutos depois acordou, quis dormir outra vez, cochilou alguns minutos, até que se levantou e voltou à sala. Caminhava nas pontas dos pés para não acordar a parenta, que dormia perto. Chegando à porta, estacou assombrado.
         
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero. Não tinha ciúmes, note-se; a natureza compô-lo de maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja, mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento. Olhou assombrado, mordendo os beiços.
          Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver; mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.

(trecho final do conto “A Causa Secreta”, do livro "Várias Histórias", de Machado de Assis)

14. A expressão “velha dama insaciável”, no segundo parágrafo, é exemplo de
a) assonância.
b) catacrese.
c) eufemismo.
d) metáfora.
e) prosopopeia.

15. Qual das alternativas abaixo não é coerente ao que está escrito no excerto acima?
a) Com o trecho “como se a morte espiritualizasse tudo”, do sétimo parágrafo, o narrador quis nos dizer que Garcia se sentiu beijando o espírito intacto de Maria Luísa, não o corpo desfigurado da mulher amada.
b) Garcia é o nome do amigo médico de Fortunato.
c) No sétimo parágrafo, o narrador afirma que a vaidade é tão causadora de ressentimento (mágoa) quanto o ciúme e a inveja.
d) O narrador é onisciente, conhece completamente os personagens.
e) O último período do conto indica que Fortunato sentiu moralmente ofendido com o beijo de Garcia em sua esposa.

16. A palavra “subjugou” – (terceiro parágrafo) – pode ser substituída adequadamente por
a) aproximou.
b) destruiu.
c) elevou.
d) priorizou.
e) reprimiu.

17. ANÁLISE MORFOLÓGICA: “a natureza compô-lo de maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja, mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento”. Aponte a alternativa incorreta.
a) “compô-lo” equivale a “o compôs”; “lo” é pronome pessoal do caso oblíquo, da terceira pessoa do singular.
b) “dera” é verbo da primeira conjugação, flexionado no pretérito mais que perfeito do indicativo.
c) “menos” é adjetivo.
d) “nem” é conjunção alternativa.
e) “que”, do trecho “que não é menos cativa”, é pronome relativo.

18. ANÁLISE SINTÁTICA: “a natureza compô-lo de maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja, mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento”. Assinale a alternativa incorreta.
a) “que lhe não deu ciúmes nem inveja” é oração subordinada adjetiva restritiva.
b) “a natureza” é sujeito elíptico do verbo “dera”.
c) “ciúmes nem inveja” é objeto direto composto.
d) “de maneira” é objeto indireto.
e) “que não é menos cativa ao ressentimento” oração subordinada adjetiva explicativa.

19. A palavra “índole” – (terceiro parágrafo) – pode ser substituída coerentemente por
a) caráter
b) mágoa
c) masoquismo
d) sadismo
e) tristeza

CONTO DE ESCOLA

20. No fim da história, o personagem protagonista do Conto de Escola, de Machado de Assis:
a) compreendeu os fatos positivamente, concluindo com alguns conhecimentos;
b) arrependeu-se de ter ido à escola, pois lhe fora um dia inútil;
c) no dia seguinte voltou à escola, pois o dia anterior lhe fora muito proveitoso;
d) quis espancar o antagonista, pois lhe causara um mal não merecido.
e) compreendeu os fatos negativamente, sem qualquer proveito.
 
21. No Conto de Escola, de Machado de Assis, o personagem protagonista foi:
a) parabenizado porque sabia e explicou alguns conhecimentos em troca de dinheiro;
b) agredido por um colega de sala de aula porque não lhe explicou alguns conhecimentos;
c) homenageado pelo professor porque era um dos melhores alunos da sala;
d) punido porque se propôs a explicar alguns conhecimentos a um colega em troca de dinheiro;
e) denunciado por um colega de sala de aula porque não lhe explicou alguns conhecimentos.

D. BENEDITA

          “A coisa mais árdua do mundo, depois do ofício de governar, seria dizer a idade exata de D. Benedita. Uns davam-lhe quarenta anos, outros quarenta e cinco, alguns trinta e seis. Um corretor de fundos descia aos vinte e nove; mas esta opinião, eivada de intenções ocultas, carecia daquele cunho de sinceridade que todos gostamos de achar nos conceitos humanos. Nem eu a cito, senão para dizer, desde logo, que D. Benedita foi sempre um padrão de bons costumes. A astúcia do corretor não fez mais do que indigná-la, embora momentaneamente; digo momentaneamente. Quanto às outras conjeturas, oscilando entre os trinta e seis e os quarenta e cinco, não desdiziam das feições de D. Benedita, que eram maduramente graves e juvenilmente graciosas”.
 
22. O trecho acima pertence ao conto “D. Benedita”, do Machado de Assis. Por que o narrador afirma que “Um corretor de fundos descia aos vinte e nove”?
a) O corretor de fundos é mais jovem e, por isto, tem menos experiência para supor a idade de uma senhora.
b) Um vendedor de produtos bancários tem sempre a intenção de agradar seus clientes e, às vezes, exagera.
c) O corretor de investimentos é sobrinho-herdeiro de D. Benedita e faz o possível para agradá-la.
d) Um representante bancário lida melhor com números que com pessoas.
e) O corretor de fundos tem medo de D. Benedita e, por isto, procura não aborrecê-la.
 
          - O cônego, acudiu Leandrinho, disse-me que ele foi para o Pará há uns dois anos...
          - Dois anos e meio; foi nomeado desembargador pelo ministério Zacarias. Ele queria a relação de São Paulo, ou da Bahia; mas não pôde ser e aceitou a do Pará.
          - Não voltou mais?
          - Não voltou.
          - D. Benedita naturalmente tem medo de embarcar...
          - Creio que não. Já foi uma vez à Europa. Se bem me lembro, ela ficou para arranjar alguns negócios de família; mas foi ficando, ficando, e agora...
          - Mas era muito melhor ter ido, em vez de padecer assim... Conhece o marido?
          - Conheço; um homem muito distinto, e ainda moço, forte; não terá mais de quarenta e cinco anos. Alto, barbado, bonito. Aqui há tempos disse-se que ele não teimava com a mulher, porque estava lá de amores com uma viúva.
 
23. No excerto acima, do conto “D. Benedita”, de Machado de Assis, está um dos temas mais explorados pelo autor. Qual?
a) A fofoca;
b) O ministério;
c) O adultério;
d) A viuvez;
e) As viagens.
 
          “Enquanto ela compõe os babadinhos e rendas do roupão branco, um roupão de cambraia que o desembargador lhe dera em 1862, no mesmo dia aniversário, 19 de setembro, convido a leitora a observar-lhe as feições. Vê que não lhe dou Vênus; também não lhe dou Medusa. Ao contrário de Medusa, nota-se-lhe o alisado simples do cabelo, preso sobre a nuca. Os olhos são vulgares, mas têm uma expressão bonachã. A boca é daquelas que, ainda não sorrindo, são risonhas, e tem esta outra particularidade, que é uma boca sem remorsos nem saudades: podia dizer sem desejos, mas eu só digo o que quero, e só quero falar das saudades e dos remorsos. Toda essa cabeça, que não entusiasma, nem repele, assenta sobre um corpo antes alto do que baixo, e não magro nem gordo, mas fornido na proporção da estatura. Para que falar-lhe das mãos? Há de admirá-las logo, ao travar da pena e do papel, com os dedos afilados e vadios, dois deles ornados de cinco ou seis anéis.”
 
24. No texto acima, um parágrafo do conto “D. Benedita”, de Machado de Assis, reaparece uma das características do autor quanto às funções da linguagem. Que característica é essa?
a) a digressão;
b) o uso frequente da função emotiva;
c) a linguagem conotativa;
d) a subjetividade;
e) a utilização indiscriminada da função conativa.

O ALIENISTA

25. Sobre o conto “O Alienista”, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta.
a) Simão Bacamarte aparece como símbolo de um saber duvidoso, pois não se revela senão em estado de pânico em que põe o universo, quando ele procura determinar uma norma geral de conduta para o comportamento humano, igualando, rasteiramente, todos os indivíduos.
b) Neste conto, apenas neste conto, Machado de Assis se apresenta como um autor naturalista, dado o cientificismo da obra.
c) Simão Bacamarte é a deformação do "cientista" que toma como verdade absoluta os pressupostos da Ciência e comete, em seu nome, equívocos sucessivos sem dar pelo absurdo de suas pretensões.
d) Machado de Assis chama a atenção para a relatividade da Ciência. Observe-se que, a cada teoria que Simão Bacamarte cria, pensa estar diante de uma verdade absoluta para, em seguida, perceber que isso não é verdade.
e) A ação transcorre em Itaguaí, "cidadezinha do Estado do Rio de Janeiro, comarca de Iguaçu".
 
26. Qual dos personagens abaixo não participa do conto “O Alienista”?
a) D. Evarista: é a eleita do Dr. Bacamarte para consorte de suas glórias científicas. O doutor a escolheu para esposa porque ela reúne “condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem", estando apta para dar-lhes filhos robustos, sãos e inteligentes. Chegou a ser recolhida à Casa Verde, certa vez, por manifestar algum desequilíbrio mental.
b) Crispim Soares: era o boticário. Muito amigo do Dr. Bacamarte e grande admirador de sua obra humanitária. Também passou pela Casa Verde, pois não soube "ser prudente em tempos de revolução", aderindo, momentaneamente, à causa do barbeiro.
c) Padre Lopes: era o vigário local. Homem de muitas virtudes, foi recolhido também à Casa Verde por isso mesmo. Depois foi posto em liberdade porque sua reverendíssima se saiu muito bem numa tradução de grego e hebraico, embora não soubesse nada dessas línguas. Foi considerado normal apesar da auréola de santo.
d) Botelho: "Era um pobre-diabo caminhando para os setenta anos, antipático, cabelo branco, curto e duro como escova, barba e bigode do mesmo teor, muito macilento, com uns óculos redondos que lhe aumentavam o tamanho de pupila e davam-lhe à cara uma expressão de abutre, perfeitamente de acordo com o seu nariz adunco e com a sua boca sem lábios: viam-lhe ainda todos os dentes, mas tão gastos que pareciam limados até ao meio... foi lhe escapando tudo por entre as suas garras de ave de rapina".
e) Porfírio, o barbeiro: sua participação no conto é das mais importantes, posto que representa a caricatura política na sátira machadiana. Representa bem a ambição de poder, quando lidera a rebelião que depôs o governo legal. Foi preso na Casa Verde duas vezes: primeiro, por ter liderado a rebelião; segundo, porque se negou a participar de uma segunda revolução: "preso por ter cão, preso por não ter cão".
 
27. Sobre o conto “O Alienista”, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta.
a) Simão Bacamarte considera um dom de Deus a beleza de sua mulher, pois, sendo bela, sempre lhe inspiraria as melhores reflexões acerca do seu trabalho.
b) “Casa de Orates” significa “Casa de Loucos”.
c) Quando constrói a "Casa Verde", em Itaguaí, Simão Bacamarte, aparentemente, deseja servir à Ciência, porém, por trás dos atos aparentemente bons, surpreende-se a intenção verdadeira do protagonista: atingir a glória e ser a pessoa mais importante de Itaguaí.
d) A princípio, a inauguração do sanatório é comemorada pela população, entretanto, as pessoas logo mudam de conduta e se revoltam contra Simão Bacamarte. A aprovação cessa quando Simão Bacamarte recolhe, na Casa Verde, pessoas em cuja loucura a população não acredita.
e) O papel da Câmara Municipal, em especial dos vereadores Galvão e Freitas, é facilitar verbas para realização do projeto de Simão Bacamarte.
 
28. Sobre o conto “O Alienista”, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta.
a) É correto afirmar a respeito do barbeiro que "o poder corrompe", pois Porfírio, ao tomar poder em Itaguaí, procura o apoio de Simão Bacamarte, mostrando que, mesmo sendo representantes do povo, os políticos fazem conchavos para manterem-se no poder.
b) Liderados pelo barbeiro Porfírio, o povo saiu às ruas, deu-se uma rebelião, a Câmara foi deposta e o governo da cidade foi entregue ao "ilustre Porfírio". Este libertou todos os internos e deixou preso na Casa Verde apenas o Dr. Simão Bacamarte.
c) A narrativa se desenvolve na terceira pessoa, o narrador é onisciente.
d) No povo da cidade de Itaguaí, percebe-se a submissão, a fácil manipulação, bastando, para isso, conhecimento ou liderança.
e) Alienista é o nome que se dá ao médico especialista em doenças mentais.
 
29. Considerando os objetivos perseguidos por Simão Bacamarte, personagem do conto “O Alienista”, assinale a alternativa incorreta.
a) Simão interessava-se pela prefeitura de Itaguaí e fazia de tudo para controlar politicamente a cidade.
b) O protagonista queria conhecer as fronteiras entre a razão e a loucura.
c) Simão Bacamarte pretendia buscar a glória, através de um estudo da patologia cerebral.
d) O médico pretendia internar todas as pessoas que demonstrassem alguma insanidade mental diagnosticada também por algum desvio moral.
e) Bacamarte ocultava o desejo de ver reconhecidas cientificamente as suas capacidades intelectuais.
 
30. A teoria de Simão Bacamarte altera-se durante a história. Qual das teorias abaixo não se encaixa em nenhum dos episódios do conto?
a) Todas as pessoas são normais. A loucura é apenas uma forma incomum de comportamento.
b) São loucos aqueles que apresentarem um comportamento anormal de acordo com o conhecimento da maioria.
c) “A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades, fora daí, insânia, insânia e só insânia”.
d) Os loucos agora são os leais, os justos, os honestos e imparciais. Dizia que se devia admitir como normal o desequilíbrio das faculdades e como patológico, o seu equilíbrio.
e) O único ser perfeito de Itaguaí era o próprio Simão Bacamarte. Logo, somente ele deveria ir para a Casa Verde.
 
31. Qual das frases de Machado de Assis melhor se ajusta ao enredo do conto “O Alienista”?
a) “A ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito.”
b) "A abolição é a aurora da liberdade; emancipado o preto, resta emancipar o branco."
c) "Aos quinze anos, há até certa graça em ameaçar muito e não executar nada."
d) "Que os segredos, amiga minha, também são gente; nascem, vivem e morrem."
e) "Antes do poeta mostra-se o homem; antes do talento, o caráter."

          As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a Universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.
          – A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo.
          Dito isto, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas. Aos quarenta anos casou com D. Evarista da Costa e Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juiz de fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele, caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou-se de semelhante escolha e disse-lho. Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas – únicas dignas da preocupação de um sábio –, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.

CATAPLASMA – pasta medicamentosa feita de farinhas, polpas ou pó de raízes e folhas que se aplica sobre alguma parte do corpo dolorida ou inflamada.
TEOREMA – proposição que pode ser demonstrada por meio de um processo lógico.

32. Aponte a alternativa incorreta, a respeito do excerto acima.
a) Bacamarte optou por uma mulher “não bonita nem simpática” para não gastar tempo demais com a esposa e consequentemente não prejudicar seus interesses científicos.
b) “disse-lho” – terceiro parágrafo – significa que um dos tios do Dr. Bacamarte disse ao sobrinho que D. Evarista não era bonita nem simpática.
c) Existencialmente, Dr. Bacamarte se mostra mais preocupado com apenas gozar as oportunidades que já possui do que melhorar suas possibilidades pessoais e sociais.
d) Machado de Assis usa o discurso direto para compor o segundo parágrafo.
e) O narrador constrói a sua narrativa a partir da leitura dos cronistas de Itaguaí, problematizando a origem e a veracidade dos fatos.
 
33. No primeiro período do excerto, o termo “crônicas” se refere a
a) histórias orais contadas de pai para filhos através de séculos.
b) narrativas curtas em torno de um mesmo tema.
c) poemas narrativos escritos para celebrar um herói.
d) textos dissertativos com os quais registramos os aspectos predominantes na formação cultural de um povo.
e) um gênero literário com o qual se registram os acontecimentos e os sentimentos cotidianos de certa época de determinado lugar.
 
34. No período “estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes”, o termo “assim” pode ser substituído adequadamente por
a) ademais
b) ainda
c) já
d) no entanto
e) portanto
 
35. ANÁLISE SINTÁTICA: Assinale a alternativa incorreta.
a) Na oração “entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência”, o trecho “da ciência” é complemento nominal.
b) Na sequência “viúva de um juiz de fora”, o termo “de fora” é adjunto adnominal.
c) No trecho “viúva de um juiz de fora”, o sintagma “de um juiz” é adjunto nominal.
d) O sintagma “dele”, no trecho “um dos tios dele”, é adjunto adnominal.
e) O termo “de pacas”, na sequência “caçador de pacas perante o Eterno”, é complemento nominal.
 
36. A conjunção “porquanto”, do último período do excerto, pode ser substituída, sem prejuízo semântico, por
a) contudo
b) entretanto
c) porque assim
d) portanto
e) todavia
 
37. ANÁLISE MORFOLÓGICA: Identifique a alternativa incorreta.
a) “el-rei” – primeiro parágrafo – é substantivo masculino.
b) Na oração “entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência”, as palavras “de”, “corpo”, “e” e “alma”, isoladamente, são preposição + substantivo + conjunção + substantivo, porém, conjuntamente formam uma locução adverbial de finalidade.
c) Na sequência “não bonita nem simpática”, a palavra “nem” é conjunção aditiva.
d) “o” de “disse-lho” é pronome demonstrativo, equivale a isso.
e) O termo “aos”, de “aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil”, é uma fusão da preposição “a” com o artigo definido “os”. Neste caso, a preposição “a” equivale a “em” e, consequentemente, a contração “aos” equivale a “nos”.
 
38. Em relação a um tio de Bacamarte, citado no excerto, a expressão “caçador de pacas perante o Eterno” é uma metáfora com a qual o narrador compara o tio de Bacamarte com o rei Nimrod – poderoso, arrogante e herege – famoso também por ser exímio caçador de javalis. A expressão, extraída do texto bíblico, é evidentemente irônica, porque, se para Deus importam apenas as qualidades, o rei Nimrod, para Deus, não era mais que um caçador de pacas. O narrador recorre a essa metáfora para nos dar uma ideia do caráter desse tio de Bacamarte – poderoso, arrogante, herege e franco. Em relação ao rei Nimrod, porém, a expressão “caçador de pacas perante o Eterno” é exemplo da figura de linguagem denominada
a) perífrase
b) anacoluto
c) epístrofe
d) hipérbato
e) eufemismo
 
39. A palavra “consorte”, no fim do excerto, tem o mesmo valor semântico de
a) descasada
b) diferente
c) esposa
d) privilegiada
e) sortuda

O ESPELHO

40. Considerando o conto “O Espelho”, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta:
a) O espelho reflete nossa alma interior.
b) A alma exterior constrói-se com colaboração da sociedade;
c) Apresenta a teoria do personagem Jacobina a respeito da duplicidade da alma humana;
d) O espelho pode refletir nossa alma exterior;
e) A alma interior guarda os nossos segredos mais íntimos;
 
41. No conto “O Espelho”, de Machado de Assis, para que o personagem protagonista ficasse sozinho durante um tempo suficiente para descobrir a sua alma exterior, o autor
a) isolou o personagem da tia Marcolina e dos criados para que se tornasse profundamente reflexivo.
b) inventou uma doença grave para uma das filhas da tia Marcolina, a filha que morava a cinco léguas do sítio.
c) tornou o seu personagem surdo e mudo para que se ocupasse apenas com a sua própria alma e pudesse enxergar-se.
d) criou obstáculos para o uso de qualquer meio de transporte a fim de que o seu personagem central permanecesse durante várias semanas no sítio da tia Marcolina.
e) elaborou um segundo personagem, um filósofo, com o objetivo de provocar reflexões em seu personagem protagonista.

          Vão ouvir coisa pior. Convém dizer-lhes que, desde que ficara só, não olhara uma só vez para o espelho. Não era abstenção deliberada, não tinha motivo; era um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e dois, ao mesmo tempo, naquela casa solitária; e se tal explicação é verdadeira, nada prova melhor a contradição humana, porque no fim de oito dias deu-me na veneta de olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois. Olhei e recuei. O próprio vidro parecia conjurado com o resto do universo; não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra. A realidade das leis físicas não permite negar que o espelho reproduziu-me textualmente, com os mesmos contornos e feições; assim devia ter sido. Mas tal não foi a minha sensação. Então tive medo; atribuí o fenômeno à excitação nervosa em que andava; receei ficar mais tempo, e enlouquecer. – Vou-me embora, disse comigo. E levantei o braço com gesto de mau humor, e ao mesmo tempo de decisão, olhando para o vidro; o gesto lá estava, mas disperso, esgaçado, mutilado... Entrei a vestir-me, murmurando comigo, tossindo sem tosse, sacudindo a roupa com estrépito, afligindo-me a frio com os botões, para dizer alguma coisa. De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho; a imagem era a mesma difusão de linhas, a mesma decomposição de contornos... Continuei a vestir-me. Subitamente por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem cálculo, lembrou-me... Se forem capazes de adivinhar qual foi a minha ideia...
          - Diga.
          - Estava a olhar para o vidro, com uma persistência de desesperado, contemplando as próprias feições derramadas e inacabadas, uma nuvem de linhas soltas, informes, quando tive o pensamento... Não, não são capazes de adivinhar.
          - Mas, diga, diga.
          - Lembrou-me vestir a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral; nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a alma exterior. Essa alma ausente com a dona do sítio, dispersa e fugida com os escravos, ei-la recolhida no espelho. Imaginai um homem que, pouco a pouco, emerge de um letargo, abre os olhos sem ver, depois começa a ver, distingue as pessoas dos objetos, mas não conhece individualmente uns nem outros; enfim, sabe que este é Fulano, aquele é Sicrano; aqui está uma cadeira, ali um sofá. Tudo volta ao que era antes do sono. Assim foi comigo. Olhava para o espelho, ia de um lado para outro, recuava, gesticulava, sorria e o vidro exprimia tudo. Não era mais um autômato, era um ente animado. Daí em diante, fui outro. Cada dia, a uma certa hora, vestia-me de alferes, e sentava-me diante do espelho, lendo, olhando, meditando; no fim de duas, três horas, despia-me outra vez. Com este regime pude atravessar mais seis dias de solidão sem os sentir...

(Trecho final do conto “O Espelho”, de Machado de Assis)

42. De acordo com excerto e o conto,
a) a construção da alma exterior aconteceu apenas com o alferes.
b) alma exterior e alma interior são conflitantes.
c) as outras pessoas constroem e manifestam nossa alma exterior.
d) nós construímos nossa alma exterior, que os outros manifestam.
e) nossa alma interior pode ser levada por outras pessoas.

43. Identifique a afirmação que se ajusta coerentemente ao excerto. O narrador se refere
a) a um de muitos espelhos que há na casa.
b) a um determinado espelho.
c) a qualquer espelho.
d) a um espelho mágico.
e) a um espelho que está em suas mãos.

44. No terceiro parágrafo, o trecho “uma nuvem de linhas tortas” caracteriza que figura de linguagem?
a) perífrase
b) metáfora
c) pleonasmo
d) metonímia
e) polissíndeto

45. ANÁLISE MORFOLÓGICA. Analise o trecho “Olhava para o espelho, ia de um lado para outro, recuava, gesticulava, sorria e o vidro exprimia tudo” e aponte a alternativa incorreta
a) “e” é conjunção.
b) “ia” é verbo, flexionado no tempo futuro do pretérito do modo indicativo.
c) “para” é preposição.
d) “recuava” é verbo, flexionado no tempo pretérito imperfeito do modo indicativo.
e) “tudo” é pronome indefinido.

46. ANÁLISE SINTÁTICA. Analise o trecho “Olhava para o espelho, ia de um lado para outro, recuava, gesticulava, sorria e o vidro exprimia tudo” e assinale a alternativa incorreta.
a) “de um lado para outro” é objeto indireto.
b) “olhava” é verbo transitivo direto.
c) O sujeito do verbo “recuava” é elíptico e pode ser representado pela primeira pessoa do singular.
d) Trata-se de um período composto por seis orações.
e) “tudo” é objeto direto.

UM HOMEM CÉLEBRE

47. “Um homem célebre”, Machado de Assis: qual o motivo que leva Pestana a se casar com Maria?
a) Maria era prima de Pestana e foi a sua inspiração para compor a obra musical com que sempre sonhara.
b) Pestana casou-se com Maria, uma amiga de infância que sempre o amou, mas só conseguir revelar seus sentimentos quando já estava viúva e tuberculosa.
c) Maria era cantora e tinha talento para a música; por isso, parecia a Pestana que seu casamento com ela propiciaria o ambiente musical adequado para que seu espírito transcendesse a banalidade das polcas.
d) Já estava bastante velho e doente quando se casou, sentia a necessidade de uma companheira para não morrer só e desamparado.
e) Maria também compunha polcas, conheceram-se na gravadora, era a esperança que Pestana procurava para compor com mais inspiração.
 
48. No conto “Um homem célebre”, de Machado de Assis, há uma profunda investigação da alma humana que pode ser resumida na afirmação do narrador de que “o primeiro lugar na aldeia não contentava a este César, que continuava a preferir-lhe, não o segundo, mas o centésimo em Roma”. Isso se justifica porque:
a) Romão Pires, exímio regente de orquestra, busca aquilo que não consegue alcançar.
b) Pestana, exímio em sua atividade de compositor de polcas, não se satisfaz com a perfeição que atinge.
c) Fortunato, dono de uma Casa de Saúde, diante da dor alheia sente um enorme prazer e a saboreia deliciosamente.
d) Vilela, afamado advogado e marido de Rita, mata a mulher e o amante, acometido de indignação e furor.
e) Inácio, jovem aprendiz de escritório, refugia-se no sonho/realidade, envolvido pelo objeto de sua obsessão amorosa.

UNS BRAÇOS

49. A respeito do conto “Uns Braços”, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta.
a) Inácio é um rapaz sensível, de condição social modesta, que tem de morar em casa estranha por motivo de trabalho e é sufocado pelo tratamento ríspido que recebe do patrão, Borges.
b) Borges é um homem grosseiro e insensível, mas trata a sua mulher, D. Severina, como se fosse frágil e perfeita. Com ela, é delicado, cavalheiro e atencioso.
c) D. Severina, mulher jovem, bonita e tratada sem atenção por Borges, deixa-se tocar em suas fibras mais delicadamente femininas pelo amor que sente em Inácio.
d) A atração por Inácio – uma atração sentida e repelida; o impulso de beijá-lo num momento em que se achava mais sensível, mais só e vulnerável; isso tudo faz de D. Severina um complexo, delicado e cativante retrato de mulher.
e) Inácio é sonhador e se apaixona pela mulher com quem Borges vive, D. Severina, cujos braços, sempre nus, encantam o rapaz.
 
50. Assinale a alternativa incorreta acerca do conto “Uns Braços”, do escritor brasileiro Machado de Assis:
a) o narrador é onisciente;
b) os personagens sentem-se transtornados pelos sentimentos;
c) mesmo no final da história, os sentimentos de D. Severina e Inácio permanecem em segredo;
d) D. Severina sentiu-se feliz quando percebeu que o seu amor pelo Inácio era evidente;
e) Durante algum tempo, D. Severina, 27 anos, viveu o prazer de ser desejada por um rapaz de apenas 15 anos.
 
51. A respeito do conto “Uns Braços”, do escritor realista Machado de Assis, assinale a alternativa correta.
a) O beijo de D. Severina nos lábios do Inácio acontece ao mesmo tempo no sonho dele e dela.
b) O beijo de Inácio nos lábios de D. Severina ocorre simultaneamente no sonho dela e na realidade dele.
c) O beijo de D. Severina nos lábios do Inácio acontece simultaneamente no sonho dele e na realidade dela.
d) O beijo de Inácio nos lábios de D. Severina ocorre ao mesmo tempo no sonho dele e dela.
e) O beijo de D. Severina nos lábios do Inácio acontece simultaneamente na realidade dela e dele.
 
          Não digo que ficou em paz com os meninos, porque o nosso Inácio não era propriamente menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto sobre um corpo não destituído de graça, ainda que mal vestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente ou que quer era, do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isto na Rua da Lapa, em 1870.
          Durante alguns minutos não se ouviu mais que o tinir dos talheres e o ruído da mastigação. Borges abarrotava-se de alface e vaca; interrompia-se para virgular a oração com um golpe de vinho e continuava logo calado.
         Inácio ia comendo devagarinho, não ousando levantar os olhos do prato, nem para colocá-los onde eles estavam no momento em que o terrível Borges o descompôs. Verdade é que seria agora muito arriscado. Nunca ele pôs os olhos nos braços de D. Severina que não se esquecesse de si e de tudo.
 
52. A respeito do excerto acima, assinale a alternativa incorreta.
a) A frase “Tinha quinze anos feitos e bem feitos” indica que o personagem estava mais perto dos quinze que dos quatorze anos e apresentava um desenvolvimento físico acima da média para a idade.
b) Machado de Assis usa a expressão “nosso Inácio” para compartilhar com o leitor a criação do personagem.
c) O autor emprega o termo “Cabeça” para se referir às características intelectuais de Inácio, não aos aspectos físicos.
d) No desenvolvimento deste excerto, Borges, D. Severina e Inácio estão sentados à mesa de jantar.
e) O trecho “e não acaba de saber nada” revela a inquietude do rapaz, sempre insatisfeito.
 
53. A palavra “tinir”, da frase “não se ouviu mais que o tinir dos talheres” caracteriza uma figura de linguagem denominada
a) assíndeto
b) homonímia
c) onomatopeia
d) polissíndeto
e) prosopopeia
 
54. O termo “virgular”, do trecho “interrompia-se para virgular a oração com um golpe de vinho” caracteriza uma figura de linguagem denominada
a) aliteração
b) anacoluto
c) eufemismo
d) metáfora
e) metonímia
 
55. A expressão “virgular a oração”, do trecho “interrompia-se para virgular a oração com um golpe de vinho” caracteriza uma figura de linguagem denominada
a) alegoria
b) anáfora
c) antítese
d) hipérbole
e) pleonasmo
 
56. ANÁLISE SINTÁTICA: “Nunca ele pôs os olhos nos braços de D. Severina que não se esquecesse de si e de tudo”. Aponte a alternativa incorreta.
a) “de D. Severina” é adjunto adnominal do objeto indireto “nos braços”.
b) “nos braços” é objeto indireto do verbo “pôs”.
c) “Nunca ele pôs os olhos nos braços de D. Severina” é oração principal.
d) “os olhos” é objeto direto do verbo “pôs”.
e) “que não se esquecesse de si e de tudo” é oração subordinada adverbial de causa.