Iracema

José de Alencar

resumo

1. “Uma história que me contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite, quando lua passeava no céu argenteando os campos, e a brisa rugitava nos palmares”.
2. Ao apresentar esta obra como “lenda do Ceará”, o autor já indica a combinação que fará entre elementos históricos e fantasia.
3. Um poema em prosa; um romance histórico-indianista; uma narrativa épico-lírica.
4. Os termos indígenas impressos em Iracema é a primeira contribuição significativa para formação de uma língua brasileira.
5. Na sintaxe predominam as orações coordenadas, curtas, aproximando-se da linguagem indígena.
6. Abusa de metáforas e comparações para fugir dos poucos e gastos adjetivos.
7. O vocabulário indígena colabora na verossimilhança do romance.
8. O uso da terceira pessoa para referir a si mesmo procura reproduzir o modo de expressão linguística dos indígenas.
9. O foco narrativo apresenta-se na terceira pessoa; o narrador situa-se externamente à obra, onisciente a tudo o que ocorre.
10. O espaço é uma vasta região do Nordeste, tanto das florestas do interior habitadas pelos tabajaras, quanto das praias dominadas pelos pitiguaras.
11. Na idealização do nativo brasileiro está a exaltação das virtudes naturais dos indígenas, identificando-as com a coragem e a fidalguia cavalheirescas.
 
Capítulo I – Martim vai com o filho para Portugal depois da morte de Iracema. Poderia ser o penúltimo capítulo do livro.
 
“Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro...”
 
Capítulo II – O primeiro encontro de Iracema com Martim.
 
A razão do arrependimento de Iracema depois de ter flechado Martim: “O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu.”
 
Capítulo III – Martim hospeda-se na cabana de Araquém, o pajé dos tabajaras, pai de Iracema.
 
“– Sou dos guerreiros brancos que levantaram a taba nas margens do Jaguaribe [rio das onças], perto do mar, onde habitam os pitiguaras, inimigos de tua nação.”
 
Capítulo IV – Martim recusa a hospitalidade, mas Iracema o traz de volta para a aldeia dos tabajaras.
 
“– Tu me deixas? perguntou Martim.
­– As mais belas mulheres da grande taba contigo ficam.
– Para elas, a filha de Araquém não devia ter conduzido o hóspede à cabana do Pajé.
– Estrangeiro, Iracema não pode ser tua serva. É ela quem guarda o segredo de jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã.
O guerreiro cristão atravessou a cabana e sumiu-se na treva.”
 
Capítulo V – Desacordo entre Irapuã e o velho Andira, irmão do Pajé. Irapuã quer atacar os pitiguaras, “que deixam vir pelo mar a raça branca dos guerreiros de fogo, inimigos de Tupã”.
 
“– Fica tu, escondido entre as igaçabas de vinho, fica, velho morcego, porque temes a luz do dia e só bebes do sangue da vítima que dorme. Irapuã leva a guerra no punho de seu tacape. O terror que ele inspira voa com o rouco som do boré. O potiguara já tremeu ouvindo rugir na serra, mais forte que o ribombo do mar.”
 
Capítulo VI – Iracema se propõe a diminuir a saudade do português com “gotas de verde e estranho licor” e se vê apaixonada nos braços de Martim.
 
“O lábio do guerreiro suspirou mais uma vez o doce nome e soluçou, como se chamara outro lábio amante. Iracema sentiu que sua alma se escapava para embeber-se no ósculo ardente.”
 
Capítulo VII – Irapuã encontra Iracema com Martim e se dispõe a matar o português para ter o amor da índia.
 
Irapuã promete vingança: “Quero beber-lhe o sangue todo: quando o sangue do guerreiro branco correr nas veias do chefe tabajara, talvez o ame a filha de Araquém.”
 
Capítulo VIII – Iracema revela a Martim a sua condição na tribo dos tabajaras: era a virgem de Tupã, guardava os segredos da Jurema.
 
– Guerreiro branco, Iracema é filha do Pajé e guarda o segredo da jurema. O guerreiro que possuísse a virgem de Tupã morreria.
– E Iracema?
– Pois que tu morrias!... (Iracema morreria com tua morte)
 
Capítulo IX – Caubi leva Martim aos pitiguaras. A despedida de Iracema e Martim.
 
– Estrangeiro, toma o último sorriso de Iracema... e foge!
A boca do guerreiro pousou na boca mimosa da virgem. Ficaram ambos assim unidos como dois frutos gêmeos do araçá que saíram do seio da mesma flor.
 
Capítulo X – Irapuã e seus guerreiros cercam Caubi e Martim. Um grito pitiguara leva Irapuã e seus guerreiros de volta para a aldeia dos tabajaras.
 
De repente o rouco som da inúbia reboou pela mata. Os filhos da serra estremeceram reconhecendo o estrídulo do búzio guerreiro dos pitiguaras, senhores das praias ensombradas de coqueiros. O eco vinha da grande taba, que o inimigo talvez assaltava já.
Os guerreiros precipitaram levando por diante o chefe. Com o estrangeiro só ficou a filha de Araquém.
 
Capítulo XI – “Suspeitou Irapuã que fosse um ardil da filha de Araquém para salvar o estrangeiro, e caminhou direito à cabana do Pajé”. Araquém salva Martim com o “poder” de Tupã.
 
Araquém, proferindo essa palavra terrível, avançou até o meio da cabana. Ali ergueu a grande pedra e calcou o pé com força no chão; súbito, abriu-se a terra. Do antro profundo saiu um medonho gemido, que parecia arrancado das entranhas do rochedo.
Irapuã não tremeu, nem enfiou de susto. Mas sentiu estremecer a luz nos olhos e a voz nos lábios.
 
Capítulo XII – Os pitiguaras vêm contra os Tabajaras. Iracema vai ao encontro de Poti.
 
– Iracema irá ao encontro do chefe pitiguara e trará a seu hóspede as falas do guerreiro amigo.
 
Capítulo XIII – Martim protege-se na “garganta de Tupã”.
 
– O cauim perturbou o espírito dos guerreiros. Eles vêm contra o estrangeiro.
A virgem ergueu-se de um ímpeto:
– Levanta a pedra que fecha a garganta de Tupã, para que ela esconda o estrangeiro.
O guerreiro tabajara, sopesando a laje enorme, emborcou-a no chão.
– Filho de Araquém, deita-te na porta da cabana e nunca mais te levantes da terra, se um guerreiro passar por cima de teu corpo.
Caubi obedeceu; a virgem cerrou a porta.
 
Capítulo XIV – Martim novamente é salvo pela “voz” de Tupã.
 
“...as entranhas da terra outra vez rugem, como rugiram, quando Araquém acordou a voz tremenda de Tupã”.
 
Capítulo XV – Martim desposa Iracema.
 
As águas do rio banhavam o corpo casto da recente esposa.
Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras.
 
Capítulo XVI – Martim foge dos tabajaras.
 
Iracema, depois que ofereceu aos chefes o licor de Tupã, saiu do bosque. Não permitia o rito que ela assistisse ao sono dos guerreiros e ouvisse falar dos sonhos.
Foi dali direito à cabana, onde a esperava Martim:
– Toma tuas armas, guerreiro branco. É tempo de partir.
– Leva-me aonde está Poti, meu irmão.
 
Capítulo XVII – Iracema conta a Martim que é sua esposa.
 
Capítulo XVIII – Batalha entre tabajaras e pitiguaras no rio das garças, depois que Irapuã percebe a fuga de Martim e Iracema. Os pitiguaras vencem.
 
Iracema, unida ao flanco de seu guerreiro e esposo, viu de longe Caubi e falou assim:
— Senhor de Iracema, ouve o rogo de tua escrava; não derrama o sangue do filho de Araquém. Se o guerreiro Caubi tem de morrer, morra ele por esta mão, não pela tua.
Martim pôs no rosto da virgem olhos de horror:
— Iracema matará seu irmão?
— Iracema antes quer que o sangue de Caubi tinja sua mão que a tua; porque os olhos de Iracema veem a ti, e a ela não.
 
Capítulo XIX – Poti deixa seu cachorro com Martim e mostra-lhe o lugar onde nasceu.
 
Capítulo XX – Martim, Iracema e Poti saem da taba dos pitiguaras.
 
Capítulo XXI – Martim, Poti e Iracema constroem uma cabana à beira do mar.
 
Capítulo XXII – Maranguab prevê a destruição dos índios pelos brancos.
 
Capítulo XXIII – Iracema diz a Martim que está esperando um filho seu.
 
Capítulo XXIV – Martim recebe um segundo nome (indígena) de Poti: Coatiabo (guerreiro pintado).
 
Capítulo XXV – Poti e Martim partem para uma batalha contra os tabajaras, que se aliaram aos tapuias contra os pitiguaras.
 
Capítulo XXVI – Martim deixa uma flecha fincada na areia, retendo um caranguejo e, junto às penas, uma flor de maracujá.
 
Capítulo XXVII – Os pitiguaras vencem novamente os tabajaras.
 
Capítulo XXVIII – Martim sente saudade de Portugal e Iracema lembra o branco que “quando teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá, como o abati depois que deu o fruto. Então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira.”
 
Capítulo XXIX – Poti e Martim partem para mais uma batalha. Nessa vez, os tapuias querem vingança e vêm com os tupinambás pelo mar. Poti leva consigo os caçadores de Soipé e os pescadores do Trairi. Enquanto os pitiguaras celebram a vitória, nasce o filho de Martim nos campos da Porangaba.
 
Capítulo XXX – Iracema dá o nome Moacir ao filho e recebe a visita do irmão Caubi.
 
Capítulo XXXI – Caubi volta para cuidar do pai, Araquém. Iracema está triste e fraca; não consegue produzir leite para o filho e então o alimenta com mingau de farinha de mandioca.
 
Capítulo XXXII – Martim volta para a lagoa Porangaba depois de oito meses. Iracema entrega o filho ao pai e morre. Martim enterra o corpo de sua esposa ao pé do coqueiro onde cantava a jandaia, uma ave amiga de Iracema, que emite a onomatopeia ceará.
 
Capítulo XXXIII – Martim vai para Portugal e volta depois de quatro anos, com seu filho e o cachorro herdado de Poti. Martim trouxe também um sacerdote. Deu um segundo nome a Poti: Antônio Filipe Camarão – Antônio, porque era dia de Santo Antônio; Filipe, porque era o nome do rei de Espanha e Portugal de 1581 a 1598, D. Filipe II; e Camarão porque era o seu nome indígena. Expulsaram das terras nordestinas o branco tapuia e os índios tupinambás. Assim nasceu o Estado do Ceará.