Iracema

José de Alencar

questões

OBSERVAÇÃO:
         Comece a ler o livro a partir do segundo capítulo; o primeiro, na verdade, é o penúltimo capítulo; deixe para lê-lo antes do último.
 
1. (UEL) Examine as proposições a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.
a) A relevância da obra de José de Alencar no contexto romântico decorre, em grande parte, da idealização dos elementos considerados como genuinamente brasileiros, notadamente a natureza e o índio. Essa atitude impulsionou o nacionalismo nascente, por ser uma forma de reação política, social e literária contra Portugal.
b) Ao lado de O guarani e Ubirajara, Iracema representa um mito de fundação do Brasil. Nessas obras, a descrição da natureza brasileira possui inúmeras funções, com destaque para a "cor local", isto é, o elemento particular que o escritor imprimia à literatura, acreditando contribuir para a sua nacionalização.
c) Embora tendo sido escrito no período romântico, Iracema apresenta traços da ficção barroca tanto na criação das personagens quanto na tematização dos problemas do país.
d) A leitura de Iracema revela a importância do índio na literatura romântica. Entretanto, sabe-se que a presença do índio não se restringiu a esse contexto literário, tendo desembocado inclusive no Modernismo, por intermédio de escritores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
e) O contraponto poético da prosa indianista de Alencar é constituído pela lírica de Gonçalves Dias. Indiscutivelmente, em "O canto do guerreiro" e em "O canto do piaga", dentre outros poemas, o índio é apresentado de maneira idealizada, numa perpetuação da imagem heroica e sublime adequada aos ideais românticos.
 
2. (UFU-MG) Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que:
I) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita.
II) em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e pitiguara.
III) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o homem brasileiro, fruto do índio e do branco.
IV) a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar consegue belos efeitos linguísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre comparações.
Assinale:
a) se apenas 2 e 4 estiverem corretas.
b) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
c) se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
d) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.
 
3. (PUC) Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, de José de Alencar.
 
I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.
 
II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça?
 
         Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do romance, já que constituem o começo e o fim da narrativa de Alencar. Desse modo, é possível presumir que o enredo apresenta:
a) o relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja união nasceu Moacir, e que alegoriza o processo de conquista e colonização do Brasil.
b) as guerras entre as tribos Tabajara e Pitiguara pela conquista e preservação do território brasileiro contra o invasor estrangeiro.
c) o rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de enfraquecer os adversários e levar a um pacto entre o branco colonizador e o selvagem dono da terra.
d) a vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido flechado pela índia dos lábios de mel em plena floresta e ter-se tornado prisioneiro de sua tribo.
e) a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento junto a uma carnaúba, na fronde da qual canta ainda a jandaia.
 
4. (PUC-SP) A próxima questão refere-se ao texto abaixo.
 
         Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
         Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
         Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.
 
Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que:
a) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.
b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.
c) o romance, elaborado com recursos da linguagem figurada, é considerado um excelente exemplo da prosa poética na ficção romântica brasileira.
d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como a verdadeira história do Estado do Ceará.
e) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa “lábios de fel”.
 
5. Em “o primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça?”. O autor refere-se:
a) à raça africana e ao fato de estar sempre distante e com saudades da velha África, sua predestinação.
b) à predestinação da gente sofrida do Nordeste para o aumento da taxa de mortalidade infantil.
c) ao destino, da maioria dos cearenses, de viver longe da terra natal.
d) ao berço da imigração brasileira: o estado do Ceará.
 
6. Assinale a alternativa em que o personagem está caracterizado incorretamente.
a) Iracema – (lábios de mel) – índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, velho pajé; era uma espécie de vestal (no sentido de ter a sua virgindade consagrada à divindade) por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos); anagrama de América. Forte, sedutora, mas submissa. Heroína trágica.
b) Moacir – Filho de Iracema e Martim, filho da dor e do sofrimento.
c) Poti – índio tabajara, irmão de Iracema. Não guardou rancor de Iracema, visitava-a no exílio.
d) Irapuã – chefe dos tabajaras; apaixonado por Iracema. Ciumento e corajoso. Seu nome significa "mel redondo".
e) Jacaúna – chefe dos pitiguaras, irmão de Poti. Seu nome significa "jacarandá preto".
 
7. O trecho abaixo foi extraído de Iracema. Ele reproduz a reação e as últimas palavras de Batuiretê antes de morrer. Leia o trecho e assinale a alternativa incorreta.
 
         O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o peito arquejou e os lábios murmuraram:
         – Tupã quis que estes olhos vissem antes de se apagarem, o gavião branco junto da narceja.
         O abaeté derrubou a fronte aos peitos, e não falou mais, nem mais se moveu.
 
a) Batuiretê é avô de Poti e Jacaúna. Foi guerreiro valente e chefe dos pitiguaras.
b) Batuiretê, depois de velho passou o poder da tribo para seu filho Jatobá, pai de Poti. O avô de Poti viveu sua velhice retirado e solitário nas matas.
c) Batuiretê dirige-se ao neto Poti, nobre guerreiro pitiguara, companheiro e amigo de Martim, que mais tarde foi batizado católico com o nome de Antônio Felipe Camarão. O primeiro nome se refere a Santo Antônio, pois ganhou o nome cristão no dia do santo. O segundo nome significa o poder real (domínio espanhol), e o último, a tradução de Poti para o português.
d) Batuiretê dirige-se também a Iracema, índia tabajara, profetizando o nascimento do filho Moacir, símbolo da união das raças.
e) Batuiretê chama Martim de gavião branco e Poti de narceja (uma pequena ave), profetizando nesse paralelo a destruição total ou parcial da raça nativa pelos brancos.
 
8. O romance romântico indianista “Iracema”, de José de Alencar, pode ser definido como uma:
a) narrativa em que o autor quer denunciar a crueldade dos brancos em sua relação com os índios.
b) lenda a respeito da origem do Estado do Ceará.
c) história de amor entre um branco e uma índia, com final feliz.
d) trágica história de amor em que uma índia sobrevive ao aventureiro Martim.
e) novela indianista em que a protagonista sobrevive a todos os desafios impostos pelos portugueses.
 
9. O Arcadismo está para o Romantismo, assim como:
a) Gregório de Matos está para José de Alencar.
b) “Auto da Barca do Inferno” está para “O Guarani”.
c) Antônio Vieira está para Gonçalves Dias.
d) Seiscentismo está para o Oitocentismo.
e) “Liras de Marília de Dirceu” está para “Iracema”.
 
10. Por que "Iracema", de José de Alencar, pode ser inserida no quadro de obras representativas do Romantismo brasileiro? Assinale a alternativa incorreta.
a) É uma obra repleta de antíteses, as quais caracterizam o dualismo do índio brasileiro, dividido entre o deus indígena e o europeu.
b) José de Alencar imprimiu à obra "Iracema" uma linguagem brasileira, misturando o português com o tupi-guarani.
c) É um romance baseado numa lenda do período de formação do Ceará: o nativo brasileiro – no caso, a índia – relaciona-se com o homem branco.
d) Iracema é também anagrama da palavra AMÉRICA. Daí a índia ser a personificação do Novo Mundo americano; Martim, o guerreiro branco, é a personificação do conquistador.
e) “Iracema” é uma índia idealizada para ser a representante nativa na formação do povo brasileiro.
 
         Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
         Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
         Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.
 
11. O trecho acima aparece no início do romance “Iracema”, de José de Alencar. É nítida nele a:
a) valorização de elementos noturnos.
b) objetividade na descrição.
c) lamentação diante da proximidade da morte.
d) poeticidade da linguagem.
e) crítica às agressões à natureza.
 
12. Sobre a personagem Iracema, de José de Alencar, apenas é incorreto afirmar que:
a) segue um modelo de comportamento típico das heroínas românticas.
b) representa a contribuição indígena na formação da nacionalidade brasileira.
c) simboliza a terra americana, vista como mãe fecunda, daí seu nome ser um anagrama de América.
d) possui características físicas e morais verdadeiramente indígenas.
e) é retratada em íntima harmonia com a natureza.
 
13. Assinale a afirmação incorreta sobre Iracema, de José de Alencar.
a) O foco narrativo apresenta-se em terceira pessoa, visto que o narrador situa-se externamente à obra, onisciente a tudo o que ocorre.
b) O espaço é uma vasta região do nordeste, tanto das florestas do interior habitadas pelos tabajaras, quanto das praias do litoral dominadas pelos pitiguaras.
c) O tempo de narrativa corresponde à época da criação dos primeiros núcleos habitacionais do nordeste.
d) A linguagem conotativa, amplamente utilizada, é calcada sobre elementos da natureza, conferindo qualidade poética ao texto.
e) Iracema e Poti são de nações adversárias. Após a fuga de Iracema com Martim, as tribos de ambos fazem as pazes para evitar maiores sofrimentos para todos.
 
         Refresca o vento.
         O rulo das vagas precipita. O barco salta sobre as ondas e desaparece no horizonte. Abre-se a imensidade dos mares; e a borrasca enverga, como o condor, as foscas asas sobre o abismo.
         Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas, e te poje nalguma enseada amiga. Soprem para ti as brandas auras; e para ti jaspeie a bonança mares de leite!
 
14. O trecho acima pertence ao romance "Iracema" (1865), de José de Alencar. O barco mencionado no fragmento:
a) transporta o corpo de Iracema em ritual fúnebre indígena.
b) conduz Moacir, o primeiro cearense ainda criança, a Portugal.
c) dirige-se, para novas conquistas de territórios, ao sul do país.
d) parte da Europa, levando o colonizador português ao Ceará.
 
         Iracema, sentindo que lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro.
         Estreitou-se com a haste da palmeira. A dor lacerou suas entranhas; porém logo o choro infantil inundou sua alma de júbilo.
         A jovem mãe, orgulhosa de tanta ventura, tomou o tenro filho nos braços e com ele arrojou-se às águas límpidas do rio. Depois suspendeu-o à teta mimosa; seus olhos então o envolviam de tristeza e amor.
         - Tu és Moacir, o nascido de meu sofrimento.
         A ará, pousada no olho do coqueiro, repetiu Moacir, e desde então a ave amiga unia em seu canto ao nome da mãe, o nome do filho.
         O inocente dormia; Iracema suspirava:
         - A jati fabrica o mel no tronco cheiroso do sassafrás; toda a lua das flores voa de ramo em ramo, colhendo o suco para encher os favos; mas ela não prova sua doçura, porque a irara devora em uma noite toda a colmeia. Tua mãe também, filho de minha angústia, não beberá em teus lábios o mel de teu sorriso.
 
15. O trecho acima, da obra de José de Alencar, anuncia as ações subsequentes que relatam:
a) a viagem de Iracema.
b) a doença de Martim, pai de Moacir.
c) o destino exitoso de Moacir.
d) a morte iminente do menino.
e) o fim trágico de Iracema.
 
16. No capítulo XV do romance "Iracema", de José de Alencar, Iracema e Martim tornam-se, efetivamente, marido e mulher. Em relação a esse episódio, é correto afirmar que:
a) a união se dá enquanto o velho pajé dorme profundamente na cabana.
b) Martim possui Iracema sob os efeitos do vinho de Tupã.
c) Martim não resiste à paixão por Iracema e decide possuí-la, enquanto Araquém se ausenta da cabana.
d) Iracema se arrepende pela perda de sua virgindade e corre para banhar-se no rio a fim de purificar-se do pecado.
e) os dois amantes são flagrados pelo pajé, que os expulsa imediatamente da taba.
 
17. A respeito do romance "Iracema", de José de Alencar, é correto afirmar que:
a) Poti, irmão indígena de Martim, aceita ser batizado por lealdade ao irmão branco.
b) Moacir, nome do filho de Iracema e de Martim, significa, na língua indígena, "nascido da saudade".
c) Iracema pertence à tribo dos pitiguaras, inimiga dos tabajaras, índios de quem Martim recebeu seus ensinamentos.
d) Iracema aceita ser batizada como prova de seu amor por Martim.
e) Iracema e Martim, juntos, criam seu filho Moacir nas terras onde hoje é o Ceará.
 
         Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
 
18. O fragmento acima elabora-se estilisticamente com figuras de linguagem caracterizadoras do estilo poético de Alencar. O fragmento apresenta, predominantemente, as seguintes figuras de linguagem:
a) comparações e antíteses.
b) antíteses e inversões.
c) pleonasmos e hipérboles.
d) metonímias e prosopopeias.
e) metáforas e comparações.
 
19. No capítulo XXVI do romance "Iracema", de José de Alencar, Martim decide acompanhar Poti, que volta à nação pitiguara, onde nascera, para defendê-la do ataque de povos inimigos. Antes da partida, os dois "irmãos" confabulam para decidir se Iracema deve acompanhá-los, ou não, à taba dos pitiguaras. Com relação à sequência dos episódios relatados acima, considere as alternativas que seguem e assinale a que está de acordo com o romance de Alencar.
a) Martim e Poti decidem partir sem falar com Iracema, pois as lágrimas dela poderiam 'amolecer' seus corações e fazê-los desistir da viagem ou enfraquecê-los na guerra.
b) Poti convence Martim a acompanhá-lo à taba dos pitiguaras para ajudar os irmãos de Iracema atacados por povos inimigos.
c) Martim e Poti deixam fincada, no tronco de uma árvore, uma mensagem cifrada para Iracema.
d) Iracema, contrariando o pedido de Martim, abandona a cabana e vai atrás dele, embrenhando-se na floresta.
e) Ao ver a seta emplumada trespassando o goiamum, Iracema conclui que Martim e Poti haviam partido para a caça.
 
20. A respeito do romance "Iracema", pode-se dizer que:
a) É classificado como um dos romances regionalistas do autor.
b) É legítimo representante do Arcadismo, ainda que regionalmente deslocado.
c) Sua personagem Iracema é abandonada pelo amado, que jamais retorna.
d) Não introduz o Romantismo no Brasil, mas é um de seus melhores representantes.
e) Iracema falece depois de seu amado.
 
21. "Iracema" é um romance que integra, na classificação da obra de José de Alencar, a série indianista. É um poema em prosa, verdadeira obra-prima de nossa literatura. Indique nas alternativas a seguir a que contém enunciado que identifica a obra em questão.
a) "Ela embebeu os olhos nos olhos do seu amigo, e lânguida reclinou a loura fronte. (...) Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e lânguidos sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de um beijo soltando o voo. A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia. E sumiu-se no horizonte."
b) "Ajoelhou então o sertanejo à beira do canapé; tirando do peito uma cruz de prata, que trazia ao pescoço, presa a um relicário vermelho, deitou-a por fora do gibão de couro. Com as mãos postas e a fronte reclinada para fitar o símbolo da redenção, murmurou uma ave-maria, que ofereceu à Virgem Santíssima como ação de graças por ter permitido que ele chegasse a tempo de salvar a donzela."
c) "Desde então os guerreiros pitiguaras que passavam perto da cabana abandonada e ouviam ressoar a voz plangente da ave amiga, afastavam-se com a alma cheia de tristeza, do coqueiro onde cantava a jandaia. E foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio."
d) "Seriam cinco horas e meia, quando no azul diáfano do horizonte se desenhou iluminada pelo arrebol da tarde a torre da igreja do Espírito Santo, que servia de matriz à vila de Jaguarão. Receoso talvez de que o último raio do sol se apagasse, deixando-o ainda em caminho, o gaúcho afrouxou as rédeas ao Ruão, que lançou-se como uma flecha."
e) "Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. (...). Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é; eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido."
 
22. Considere as seguintes afirmações sobre o romance “Iracema”, de José de Alencar.
I – Ao apresentar esta obra como “lenda do Ceará”, o autor já indica a combinação que fará entre elementos históricos e fantasia.
II – O autor valeu-se de uma narrativa, mas não deixou de explorar sistematicamente recursos típicos da linguagem poética.
III – Aqui, diferentemente do que ocorre na obra de Gonçalves Dias, a personalidade, os costumes, os valores e a cultura do índio real estão fielmente retratados.
Está correto somente o que se afirma em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
 
23. (UEL) No romance IRACEMA, José de Alencar
a) desenvolve, na linha mesma do enredo, valores éticos e estéticos próprios da sociedade burguesa europeia.
b) busca fundir num mesmo código as imagens de um lirismo romântico e alguns modos de nomeação e construção da língua tupi.
c) defende a superioridade da cultura indígena sobre a europeia, tal como o demonstra o desfecho desse romance idealizante.
d) faz confluírem o plano lendário e o plano histórico, o primeiro representado por Martim, e o segundo, por Iracema.
e) dispõe-se a desenvolver a história de uma virgem que, resistindo ao colonizador, representa o poder da natureza indomável.
 
24. (UEL) Nesse romance, o autor atingiu três propósitos de seu projeto de ficcionista:
 
I. exaltar as virtudes do "homem natural";
II. fundir fato histórico e lenda, numa mesma narrativa poética;
III. idealizar o amor que leva à renúncia, ao sacrifício e à morte.
 
O autor e o romance de que tratam os propósitos acima são:
a) Visconde de Taunay e INOCÊNCIA.
b) Machado de Assis e HELENA.
c) José de Alencar e LUCÍOLA.
d) Machado de Assis e IAIÁ GARCIA.
e) José de Alencar e IRACEMA.
 
25. (UFRN) A lenda "O Frade e a Freira" registra a chegada do colonizador ao Brasil, o povoamento e a formação de uma de suas regiões. Essa mesma temática é desenvolvida em
a) "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antonio de Almeida.
b) "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna.
c) "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto.
d) "Iracema", de José de Alencar.
 
26. (UEL) Sobre os romances "Iracema", de José de Alencar, e "Dom Casmurro", de Machado de Assis, é correto afirmar:
a) "Dom Casmurro" é um romance de caráter nacionalista, pois aborda, como Iracema, a miscigenação étnica (índios e brancos), geradora do autêntico brasileiro.
b) "Iracema" apresenta alguns parágrafos com ritmo extremamente cadenciado, como por exemplo o de abertura, "Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes de carnaúba", o que levou Machado de Assis a se referir à obra como "poema em prosa".
c) "Dom Casmurro" tem como personagem Capitu, que apresenta comportamento muito semelhante ao de Iracema, daí podermos afirmar que o romantismo alencariano tem grande influência sobre as obras machadianas.
d) Os dois romances escritos no século XIX possuem como característica principal a exaltação da natureza e a idealização da mulher.
e) "Virgem dos lábios de mel" e "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" são, respectivamente, designações de Capitu e Iracema, o que demonstra um traço típico do Realismo na descrição do caráter de ambas as personagens.
 
27. Assinale a alternativa incorreta.
a) Em Iracema (1865) José de Alencar, ou por ter atingido a maturidade nos temas indianistas, ou porque nessa obra não há a rigor nenhum compromisso com uma afirmação nacional pela literatura, atinge seu romance mais bem estruturado, sob o ponto de vista estético. Iracema é o exemplar mais bem acabado de prosa poética de nossa ficção romântica, belíssimo exemplo do nacionalismo ufanista e indianista, com o qual Alencar contribuiu com a construção da literatura e da cultura brasileira.
b) No romance há um argumento histórico: a colonização do Ceará, que se deu em 1606. Nele há a presença de personagens históricos: Martim Soares Moreno, o colonizador português que se aliou aos índios Pitiguaras e Poti, Antônio Felipe Camarão. Através do romance entre Iracema e Martim, José de Alencar romantizou o processo de colonização do Ceará, simbolicamente representativo do processo de colonização do Brasil. Iracema apresenta uma espécie de conciliação entre o branco e o índio, na medida em que romantiza a dominação de um povo pelo outro. Desta forma insere nos códigos artísticos do Romantismo europeu a temática do processo de colonização do país. Com a obra se inaugura o mito heroico da pátria, de natureza indianista.
c) O espaço da obra é o Estado do Ceará e o tempo é o início do século XVII. O relacionamento amoroso entre Iracema e Martim pode ser interpretado, simbolicamente, como metáfora, como alegoria representativa do cruzamento das raças indígena e branca, ou seja, o nativo e o europeu colonizador. O desenvolvimento do enredo - ruptura de Iracema com o compromisso de virgem vestal e com sua tribo, sua entrega amorosa, seu abandono e sua morte, deixando o filho Moacir, "aquele que nasce da dor", todos esses elementos da trama narrativa confirmam a possibilidade de leitura simbólica. A própria construção do personagem Iracema é feita a partir da natureza, de comparações com elementos da fauna e da flora americana, em geral brasileira.
d) A índia Iracema, que se entrega por amor a Martim, tem a função de simbolizar, no romance, a presença do elemento nacional, da cor local, existente na criação de seus traços físicos, que é feita por comparação com elementos da natureza. Embora psicologicamente Iracema se assemelhe às heroínas românticas europeias, constitui, nessa fusão de elementos da cor local com elementos do romantismo europeu, um mito fundador da pátria. De acordo com o romantismo europeu, Iracema pode ser caracterizada como um exemplo de "mulher-anjo" – virgem, delicada, bela, capaz de se sacrificar pelo homem que ama, Martim. Essa característica de Iracema mostra que embora o narrador privilegie os seus sentimentos e pensamentos ao longo da história, o seu ponto de vista ao contar torna-se o do brasileiro colonizado, na medida em que apresenta uma índia brasileira tal qual existia nas matas cearenses.
e) Iracema é a heroína típica do romantismo, que padece de saudades do amante, que partiu, e da pátria que deixou. Ela se enquadra dentro de uma corrente luso-brasileira cujo inicio data das cantigas medievais. Toda a força poética do livro advém dessa relação amorosa. A ação é reduzidíssima, o que dá ao livro o notável espaço lírico de que se valeu Alencar para escrever sua obra mais poética: a desorientação inicial de Martim, jovem fidalgo português, que se perdera nas matas... O surpreendente encontro com a jovem índia... A hospitalidade do selvagem brasileiro... O ciúme do guerreiro... O amor entre os representantes das duas raças: lracema e Martim... A morada dos dois, afastados da tribo e da civilização... A nostalgia de Martim por sua terra natal e suas viagens... O nascimento de Moacir, filho da dor, e a morte de Iracema... Essa é praticamente a síntese da fábula do livro.