Memórias póstumas de Brás Cubas

Machado de Assis

resumo

PERSONAGENS
Bento Cubas – pai de Brás Cubas e bisneto de Damião Cubas.
Brás Cubas – protagonista.
Coronel Rodrigues de Matos – padrinho de Brás Cubas.
Cotrim – cunhado de Brás Cubas.
Damião Cubas – fundador da família.
D. Eusébia – mãe (solteira) de Eugênia.
Domingues – irmão de Eusébia.
Dr. Vilaça – pai de Eugênia.
Emerenciana – tia de Brás Cubas.
Eugênia – pretendente de Brás Cubas.
Luís Cubas – filho de Damião Cubas.
Marcela – prostituta amada de Brás Cubas.
Maria Luísa de Matos – madrinha de Brás Cubas.
Pascoela – parteira de Brás Cubas.
Prudêncio – escravo.
Sabina – irmã de Brás Cubas.
Tio Ildefonso – cônego.
Tio João – militar aposentado.
Virgília – amante de Brás Cubas.

 
Capítulo I – ÓBITO DO AUTOR
 
         Brás Cubas se define como um “defunto autor”, para esclarecer que primeiro morreu e depois se tornou escritor; decide começar sua história pelo fim; transcreve o discurso que recebeu em seu sepultamento e revela a causa de sua morte: “Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma ideia grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo”.
         O narrador, Brás Cubas, morreu aos sessenta e quatro anos, solteiro, numa sexta-feira de agosto de 1869.
 
 
Capítulo II – O EMPLASTO
 
         A “ideia grandiosa e útil” era a invenção do “Emplasto Brás Cubas”, um “emplasto anti-hipocondríaco”, neste caso, um antidepressivo. Essa ideia fascinou o narrador, sobretudo pela fama que poderia lhe trazer.
 
 
Capítulo III – GENEALOGIA
 
        Damião Cubas é pai de Luís Cubas e bisavô do pai de Brás Cubas. O narrador, portanto, herdou o nome Cubas do seu trisavô.
Cubas é um apelido dado a Damião Cubas, porque ele fabricava cubas, tonéis, barris, tinas, era tanoeiro. Para dar importância ao nome, o pai do narrador acrescentou o Brás para aproximá-lo da família de Brás Cubas, o fundador da Vila de São Vicente. Para acalmar a família do fundador, o pai de Brás Cubas inventou que o apelido Cubas “fora dado a um cavaleiro, herói nas jornadas da África, em prêmio da façanha que praticou, arrebatando trezentas cubas aos mouros”.
 
 
Capítulo IV – IDEIA FIXA
 
         O narrador explica que a ideia do “Emplasto Brás Cubas” nasceu pequena, sobreviveu, cresceu e se tornou uma ideia fixa.
 
 
Capítulo V – EM QUE APARECE A ORELHA DE UMA SENHORA
 
         Neste capítulo, Brás Cubas explica a causa de morte: “Senão quando, estando eu ocupado em preparar e apurar a minha invenção, recebi em cheio um golpe de ar; adoeci logo, e não me tratei. Tinha o emplasto no cérebro; trazia comigo a ideia fixa dos doidos e dos fortes” (...) “No outro dia estava pior; tratei-me enfim, mas incompletamente, sem método, nem cuidado, nem persistência; tal foi a origem do mal que me trouxe à eternidade. Sabem já que morri numa sexta-feira, dia aziago, e creio haver provado que foi a minha invenção que me matou”.
 
 
Capítulo VI – CHIMÈNE, QUI L’ EÜT DIT? RODRIGUE, QUI L’EÜT CRU?
 
         O narrador revela o nome da mulher que amou, aquela que no sepultamento “padeceu mais que as parentas”: Virgília.
         A capacidade de Virgília, diante do filho e de Brás Cubas, de ignorar o adultério que vivera e até de se indignar com adultérios alheios fez o narrador perguntar a si mesmo: “que diriam de nós os gaviões, se Buffon tivesse nascido gavião...”
         Buffon é naturalista, matemático e escritor francês. Em 1776, disse que os animais precedem de outros animais.
         Chimène, que teria dito? Rodrigue, que teria pensado? – Trecho da peça “Le Cid”, de Corneille.
         Chimène está dividida entre o amor ao filho e o amor a Don Rodrigue. Diante de uma provável ruína, enquanto Chimène fala em “tomados pela miséria”, Rodrigo fala em “milagres do amor”.
         Já próximo ao delírio, Brás Cubas vê gaviões em lugar de Chimène e Don Rodrigue. Os gaviões foram estudados exaustivamente por Buffon.
 
 
Capítulo VII – O DELÍRIO
 
         Perto da morte, Brás Cubas sofre um delírio, um parente próximo do pesadelo. Esse delírio é quase um acerto de contas com o seu criador.
         Aqui está o nascimento do Humanitas, o deus vislumbrado por Machado de Assis. A tese Humanitas cresce com o personagem Quincas Borba, ainda neste romance. Cresce tanto no pensamento do autor que resolve escrever, depois, um romance exclusivamente para expor sua tese em todas as suas dimensões, o romance Quincas Borba.
         Machado olha para a História e vê um deus egoísta, que se eterniza na ciclicidade de todas as coisas. No começo e no fim da vida e da morte, do bem e do mal, algumas partes morrem, outras nascem e o todo persiste.
         O personagem Quincas Borba disse a Rubião: “Nunca viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias”.
 

Capítulo VIII – RAZÃO CONTRA SANDICE.
 
         Dois personagens alegóricos – a Razão e a Sandice – disputam o cérebro do narrador como moradia. A loucura quer ficar mais algum tempo a fim de esclarecer dois mistérios – a vida e a morte – mas a Razão a arrasta para fora definitivamente.
 
 
Capítulo IX – TRANSIÇÃO.
 
         Brás Cubas anuncia que voltará com sua narrativa para o dia do seu nascimento: 20 de outubro de 1805.
 
 
Capítulo X – NAQUELE DIA.
 
         Tio João – o antigo oficial de infantaria – profetizou o nascimento de um líder militar, “achava-me um certo olhar de Bonaparte”. Tio Ildefonso – o cônego – disse que o menino seria padre: “Cônego é o que ele há de ser, e não digo mais por não parecer orgulho; mas não me admiraria nada se Deus o destinasse a um bispado”. O pai repetia a todos que o menino seria o que Deus quisesse.
         O Coronel Rodrigues de Matos e sua esposa batizaram Brás Cubas no ano seguinte.
 
 
Capítulo XII – UM EPISÓDIO DE 1814.
 
         O pai de Brás Cubas promoveu um jantar – um Te Deum (Eis Deus!) – em celebração à queda de Napoleão Bonaparte. Em 1814, a Sexta Coligação (união militar da Áustria, Prússia, Rússia, Suécia, Reino Unido, e alguns estados alemães) invadiu a França de Napoleão, impôs a renúncia do imperador e o seu exílio na ilha de Elba.
         Nesse ano, estava no Brasil, no Rio de Janeiro, D. João VI, que deixara Portugal em 1808, fugindo de Napoleão. Um grande jantar seria uma boa ideia para agradar Sua Alteza. O pai de Brás Cubas o fez tendo em mente a velha máxima: quem agrada Sua Alteza facilita os negócios.
         Nessa ocasião, fez sucesso o Dr. Vilaça, com seus versos. Davam-lhe um mote – um tema – e o poeta pronunciava seus versos. Brás Cubas estava com nove anos de idade, ansioso pelos doces à mesa, irritado com os versos intermináveis do Dr. Vilaça, resmungou e esbravejou até que foi retirado da sala pela tia Emerenciana, sem os doces. Desejoso de vingança, perseguiu o poeta – um homem casado e pai – pelo resto da noite. Flagrou-o atrás de uns arbustos beijando D. Eusébia – “uma robusta donzelona”. O menino saiu gritando pela casa: “O Dr. Vilaça deu um beijo em D. Eusébia”.
 

Capítulo XIV – O PRIMEIRO BEIJO
 
         Brás Cubas conheceu Marcela, “a linda Marcela”, aos dezessete anos. Três dias depois de vê-la, seu tio João o convidou para uma “ceia de moças”, era na casa de Marcela. Nessa época, a dama espanhola “morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico”. No fim da “ceia”, Brás inventou que havia esquecido o lenço e voltou para o interior da casa. Lá surpreendeu a Marcela com um beijo rápido e glorioso.

 
Capítulo CXXXIII – O PRINCÍPIO DE HELVETIUS
 
         O narrador explica as razões que o levaram a confessar seus amores com Virgília a um oficial da marinha. Recorre ao princípio de Helvetius para confirmar que todos os comportamentos humanos estão fundamentados no interesse que procura eliminar a dor e obter o prazer. Revela-nos que não queria conversar a respeito, pois confirmar a suspeita de um acontecimento antigo seria provocar algum ódio já superado, dar origem a um escândalo ou, no mínimo, adquirir a reputação de indiscreto. Havia outro interesse: o esquecimento. Contudo, não pode frear seu orgulho masculino de vencer outro homem.

 
Capítulo CLVIII – DOIS ENCONTROS
 
         Brás Cubas abandona a Ordem Terceira, do Cotrim; encontra Eugênia em um cortiço, quando o visitava para distribuir esmolas; encontra Marcela no hospital da Ordem Terceira, “onde a vi expirar meia hora depois, feia, magra, decrépita”.