li da
li de
li dade
li be
li bedade
li erre
li beerredade
li ber
li berdade
e agora,
meu Deus?
não há mais ilusões
maltratamos as fantasias
foi-se embora a paixão
e o amor
será que nasceu?
meu Deus,
e agora?
ambição
quero aprender e surpreender o futuro
tocar a fome dos seus olhos
e descobrir o que a faz tão infeliz
e me convencer que depois de devastada a Terra
encontraremos outro planeta verde
ouça
há folhas
caindo
devagar
desfazendo as ilusões das árvores
um sonho
quem me dera ter duzentos anos
o vento das estradas no meu rosto seria outro
também meu rosto seria outro
mais parecido com o vento
quem me dera ter duzentos anos
não seria mais um poeta
seria mesmo a poesia
a respeito do amor
é possível não ser feliz
não tocar no mais transparente de todos os amores
não fluir na mais delicada função do verbo
mas é igualmente possível aguar as plantas
observar silenciosamente uma estrela solitária
depois se atirar num rio
mastigando átomos eterno
never more
amor
or
mor
menos, nunca mais
Avenida Paulista
esquadrias de aço sobrepostas, superpostas
o entusiasmo das máquinas numa vulva aberta para o céu
e sobre a minha cabeça os aviões de Seifert
vai-se o tempo das paixões
não se desespere
é só um tempo
pra você ver que é só um tempo
tudo: todas as formas
nada: nenhuma certeza
pós-tudo: nenhuma forma por todas as certezas
dessubstancialização
um pássaro mergulha deliciosamente no mar
outro pássaro mergulha no mar
mais um pássaro mergulha
outro pássaro
mais um
outro
outros
vá!
deixe-se nas fotografias
deixe amarelar seus limites
estudar é trabalhar
como um agricultor
semear boas ideias
construir pessoas
como um operário
e mundos melhores
e o navio foi pro mar
salvar o mar
da solidão